Ads Top

Caso de família: poligamia, incesto e escravidão em casa

Jessica, Shanell e Andrea escaparam do clã Kingston e vivem para ajudar outras mulheres que enfrentam os mesmos abusos pelos quais passaram (Foto: Divulgação)

A união de muitas famílias se faz por meio de tradições ancestrais, culinária e heranças culturais, mas um clã especificamente mantém seu grupo unido por meio de abusos físicos, mentais, sexuais e de trabalho escravo. A família Kingston, formada por mórmons fundamentalistas do estado americano de Utah, é quase que exclusivamente restrita a pessoas do mesmo sangue, fomentando assim a prática de múltiplos casamentos consanguíneos, com consequências genéticas terríveis para seus descendentes.

O isolamento social, justificado por uma revelação de um anjo que pedia uma “ordem unida” ao fundador, Elden Kingston, serve mais para esconder a rotina de delitos graves do que realmente para manter a pureza ou a comunhão d’A Ordem, como também são conhecidos. Em seus dez episódios, o reality documental Filhas da Poligamia, que estreia dia 6, terça, 20 h, no canal A&E, mostra como as irmãs Jessica, Shanell e Andrea sobrevivem após fugirem da Ordem e seu trabalho em ajudar outras pessoas da família a encontrar a liberdade, longe do ambiente de poligamia e exploração sexual do clã.

Patriarcal, a organização trata as mulheres como pessoas de segunda classe, relegando as filhas e esposas ao papel de procriar e resistir ao trabalho pesado e a constantes abusos sexuais. A poligamia e o casamento infantil são dois dos crimes mais comuns entre o grupo, que detém grande poder econômico, vindo de um conglomerado de mais de 100 empresas que custeia o caro estilo de vida de seus líderes e que chega até a financiar partidos políticos e representantes do governo e da polícia local.

Os Kingston são uma dissidência da igreja mórmon, que aboliu a poligamia no início do século XX; para eles, a prática de múltiplos casamentos ‒ com mulheres da mesma família, sem distinção de idade ‒ é mais que um estilo de vida.

Nascer com o sexo feminino entre os Kingston definitivamente não é fácil. Por anos, as mulheres do grupo, que têm em média 12 filhos, são mantidas na condição de mães solteiras para receberem dinheiro do governo em programas assistenciais. Toda a verba, conseguida na prática conhecida como “sangrar a besta”, vai para o fundo administrado pelos líderes, e os núcleos familiares ‒ as esposas e seus filhos ‒ sobrevivem de migalhas, em condições de extrema pobreza. Seus salários, ganhos com longas jornadas praticadas em empresas do clã, vão para o banco de propriedade Kingston e dificilmente encontram as mãos de quem realmente trabalhou por ele.

Três ex-integrantes da ordem, Andrea, Jessica, e Shanell, conseguiram escapar dessa dura realidade. Apesar de não contar com o apoio dos familiares, principalmente das mães, elas não sucumbiram à pressão dos líderes e à ameaça de “ir para o inferno” caso se desligassem desse perigoso pacto de sangue. Principalmente porque quem escapa da opressão do clã não tem posses, vivência e nenhuma outra informação necessária para se manter vivo no mundo fora da bolha criada pelos Kingston, um ambiente infernal mantido com requintes de crueldade por alguém que deveriam chamar de pai.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.