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'High Hitler': livro diz que nazistas abusaram de drogas na 2ª Guerra

 (Foto: Reprodução)

 

O Terceiro Reich, comandado pelo ditador Adolf Hitler, é um dos temas mais estudados da história. Entretanto, para o escritor alemão Norman Ohler, um capítulo estava faltando: o do papel das drogas, segundo ele, usadas pelos líderes nazistas.

Sua investigação do tema rendeu o livro High Hitler (em português, "Hitler chapado", um trocadilho com a expressão alemã "Heil, Hitler", "salve, Hitler"), lançado no Brasil pela editora Crítica (cerca de R$ 45, 384 páginas). Ohler conta que foi uma surpresa se deparar com a história de que as drogas ditaram o ritmo do governo.

“Na época em que comecei era apenas um rumor, mas por algum motivo eu acreditei imediatamente, fazia sentido para mim”, lembra ele, em entrevista à GALILEU. “Fiz pesquisas online e encontrei algumas coisas, o que fez com que eu me interessasse imediatamente. Então decidi falar com um especialista sobre a metanfetamina no exército alemão, e ele me disse para procurar documentos oficiais”, conta o jornalista.

Ao aprofundar a busca, Ohler diz ter encontrado muitos documentos sobre o assunto, inclusive alguns diários que descreviam detalhadamente a vida do exército alemão. Em meio a esses arquivos, o autor diz ter achado registros de que a metanfetamina foi estudada e testada pelos alemães, já que estavam registrados os efeitos, a influência e como foi feita a descoberta da droga.

Segundo Ohler, o exército e a aeronáutica eram os que mais usavam a metanfetamina, com destaque para os soldados que ficavam nos tanques de guerra ou acompanhando-os dos aviões. 

Segunda Guerra
O principal efeito da metanfetamina durante a Segunda Guerra Mundial, conta o autor, além da diminuição do medo — o que era muito importante para os soldados —, foi mantê-los sem sono.

O uso da substância possibilitava que os homens ficassem três dias e três noites sem dormir, o que, na avaliação de Ohler, foi crucial para a forma com que a Alemanha estava atacando na época.

“Acho que a guerra teria sido muito diferente sem as drogas. Não sei se os alemães teriam sido capazes de combater a França como o fizeram, porque aquela campanha dependeu muito do tempo. Era importante que os soldados não dormissem, continuassem sem parar”, diz. Para ele, isso fez com que a Alemanha ganhasse batalhas dos franceses e dos ingleses, mesmo tendo exército menor e com armas piores.

Os outros países, entretanto, demoraram para descobrir a metanfetamina: foi só em 1941, anos após as pesquisas da Alemanha, que o Reino Unido começou uma campanha pelo uso de drogas entre os combatentes, conta o jornalista. “Podemos falar que começou com os alemães e só aí se espalhou pelas outras nações.”

Ironia
A grande contradição reside no fato de que o Führer não usava as mesmas drogas que mandava entregar ao baixo escalão do Reich. Segundo a pesquisa do escritor, o médico de Hitler, com quem ele tinha uma relação muito próxima, dizia que a metanfetamina era uma droga para soldados “normais”. Para o ditador, receitava só vitaminas para poder viver melhor.

“A grande ironia é que Hitler estava muito distante das drogas: ele não bebia, não fumava e até pedia para sua namorada parar de fumar. [Essa] era uma parte muito importante da propaganda de Hitler: mostrar-se limpo e íntegro”, relata Ohler.

Mas não foi sempre bem assim: uma gripe durante o ano de 1941, contudo, fez com que o médico Theodore Morell desse esteroides para Hitler, acelerando a sua recuperação. A partir daí, muito mudou. “De alguma forma ele se tornou viciado na possibilidade de sempre estar pronto para comandar, então, a partir de 1941, Hitler passou a usar opioides e hormônios animais”, conta.

Para Norman Ohler, que é acusado por alguns pesquisadores de ter pouco rigor histórico, High Hitler pode ser lido por qualquer um que se interesse pelo tema, mesmo que não tenha muito conhecimento sobre o assunto. Inclusive, o autor até acha sua obra um pouco divertida: “Acho um livro engraçado, tem o humor alemão”, brinca.

 (Foto: Reprodução)

 

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* Com supervisão de Giuliana de Toledo.

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