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Ondas de calor letais vão castigar a Terra até 2100

Se alguém tem dúvidas de que as mudanças climáticas colocaram a humanidade num caminho perigoso, um novo estudo fará qualquer pessoa suar frio. Pesquisadores da Universidade do Havaí estimam que, até o final do século, 74% da população mundial estará exposta a ondas de calor letais caso as emissões de CO2 continuem aumentando nas taxas atuais. E, mesmo se as emissões forem agressivamente reduzidas, 48% da população mundial será afetada, segundo o estudo publicado na revista Nature.

Não faltam exemplos dos riscos à saúde que os dias mais quentes podem causar. A onda de calor europeia de 2003, por exemplo, matou cerca de 70 mil pessoas, e a onda de calor de Moscou matou 10 mil pessoas em 2010 na Rússia. Mas além dessas tragédias recentes, os cientistas pouco sabiam sobre o quão comuns são essas ondas de calor mortais.

A equipe de pesquisadores da Universidade do Havaí realizou uma revisão de mais de 30.000 publicações relevantes e encontrou mais de 1.900 casos de locais em todo o mundo onde altas temperaturas causaram mortes desde 1980.

Desses casos, foram obtidas datas para 783 ondas de calor letais em 164 cidades em 36 países, com a maioria dos casos registrados em países desenvolvidos em latitudes médias. Algumas das cidades que experimentaram ondas de calor letais incluem Nova York, Washington, Los Angeles, Chicago, Toronto, Londres, Pequim, Tóquio, Sydney e São Paulo.

Ao analisar as condições climáticas desses episódios de calor letal, os pesquisadores identificaram um limiar além do qual as temperaturas e as umidade do ar tornam-se mortais.

A área do planeta onde esse limite é cruzado por 20 ou mais dias por ano vem aumentando, e deverá crescer mesmo com cortes dramáticos nas emissões de gases de efeito estufa. Atualmente, cerca de 30% da população humana mundial está exposta a condições tão fatais a cada ano.

O estudo também descobriu que o calor mortal representa um risco maior para quem mora em áreas tropicais. Isso porque os trópicos são quentes e úmidos durante todo o ano, enquanto que para as latitudes mais altas o risco de calor mortal é restrito ao verão.

“Estamos ficando sem escolhas para o futuro”, disse Camilo Mora, professor associado de geografia na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade do Havaí em Manoa e principal autor do estudo, em um comunicado. Segundo ele, as mudanças climáticas colocaram a humanidade em um caminho que se tornará cada vez mais perigoso e difícil de reverter se as emissões de gases de efeito estufa não forem tomadas a sério.

“Ações como a retirada [dos EUA] do acordo de Paris são um passo na direção errada que inevitavelmente demorará a consertar um problema para o qual simplesmente não há tempo a desperdiçar”, afirmou.

Conteúdo originalmente publicado em Exame.com

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