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Por que os ovos de passáros variam tanto?

Se os pássaros conseguiram ter sucesso do ponto de vista evolutivo, foi porque mantiveram a prática dos répteis de botar ovos resistentes. Esses compartimentos de cálcio são capazes de proteger os filhotes do mundo exterior e garantir um crescimento tranquilo até que eles nasçam. Ainda que essa função de abrigo para o bebê não mude nunca, o formato que os ovos assumem pode variar bastante entre as espécies. Há aves que botam ovos mais pontudos (igual aos dos quero-queros), quase esféricos (como preferem as corujas), ou mais compridos (tipo os dos albatrozes).

De acordo com um novo estudo, a resposta para essas anatomias diferentes tem relação com a habilidade de voo de cada bicho. Pássaros que voam bem, por exemplo, tendem a botar ovos assimétricos ou mais compridos. Essa relação foi criada pela primeira vez por um grupo de pesquisadores americanos, que publicaram seus resultados na revista Nature.

Para confirmar a tese, eles analisaram 49.175 ovos de 1.400 espécies diferentes. Esses dados estavam disponíveis no Museu de Zoologia de Vertebrados, mantido pela Universidade da Califórnia. Com a ajuda de um programa de computador criado só para o estudo – e batizado de Eggxtractor – eles puderam classificar os ovos de acordo com fatores como sua assimetria e comprimento, criando vínculos entre as características morfológicas de cada espécie e o formato de ovo correspondente.

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O que o Eggxtractor descobriu é que existe uma relação entre o formato dos ovos e o tamanho das asas de cada pássaro. O comprimento desses membros ajuda a explicar por que os frangos ficam ciscando no chão, enquanto os abutres conseguem voar a mais de 11 mil metros: quanto mais desenvolvidas suas asas, melhor as aves costumam ser quando o assunto é o voo. E quanto mais elas voam, segundo os dados obtidos pelos cientistas, mais seus ovos tendem a ser achatados ou longilíneos.

A imagem mental que temos das corujas, em que elas estão imóveis em um galho, não é nada exagerada. Elas não são mesmo muito fãs de longos voos, preferindo usar essa estratégia de deslocamento apenas quando necessário. O contrário acontece com os albatrozes, que cruzam o Oceano Antártico pelo menos três vezes ao ano. Assim, corujas têm ovos quase esféricos, diferentemente daqueles mais compactos que as aves marinhas produzem – como você pode ver nessa imagem.

Os pesquisadores acreditam que isso possa ser explicado pela aerodinâmica. Para voar melhor, essas aves mais precisam se manter em boa forma – e por isso não tem estrutura para parir ovos tão largos quanto os dos galináceos, por exemplo. “Ao que parece, tais pássaros encontraram essa solução natural – e geométrica – de deixar os ovos assimétricos ou com mais cara de elipse”, explica L. Mahadevan, dos autores do estudo, em entrevista ao New York Times.

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