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Ter um trabalho estressante faz você querer comer mais junk food

Por maior que seja sua frustração, sempre vai haver uma forma de compensá-la com comida – quem já afogou as mágoas de um coração partido em um pote de sorvete sabe bem disso. Na teoria, esse comportamento compulsivo deveria acontecer apenas em situações pontuais, como momentos de muito estresse ou nos deixam ansiosos demais. Mas, de acordo com um novo estudo, publicado no periódico Journal of Applied Psychology, essa pode ser também uma resposta à nossa própria rotina de trabalho – quase sempre, mais comprida e estressante do que deveria.

De acordo com os pesquisadores, ter um trabalho muito maçante impacta diretamente a forma como você vai querer se alimentar quando chegar em casa. Isso faz com que para a maioria, um hambúrguer com batata frita pareça uma escolha mais razoável do que um jantar equilibrado e com baixo teor de sódio. Passar um dia estressado e cheio de trabalho faz com que suas bad vibes cheguem à mesa – e façam você descontar o estresse em refeições mais fartas e menos saudáveis.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores realizaram dois experimentos. Os testes envolveram 235 trabalhadores chineses, observados diariamente durante um período de duas e três semanas, respectivamente. Parte deles trabalhava em empresas da área de tecnologia da informação, e comumente tinha de lidar com uma carga grande de trabalho. O restante das cobaias atuava em uma companhia do setor de serviços em telecomunicações, mais precisamente em tarefas relacionadas a atendimento em call-centers. Ou seja, eram mestres em aguentar reclamações e falta de educação de clientes – e, naturalmente, estressados.

Nos dias em que os participantes do estudo tiveram uma carga maior de trabalho pela manhã – ou ouviram mais desaforos dos clientes, no caso do pessoal do call-center – a preferência pela junk food foi notória: eles consumiram mais tipos de comida pouco saudável, se comparados com alimentos mais amigos da saúde, além de abusarem na quantidade.

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Para Yihao Liu, um dos autores do estudo, esse comportamento pode ter duas explicações. “A primeira é a confirmação de que comer pode ser uma forma de aliviar e regular o mau-humor de uma pessoa. Isso porque, instintivamente, procuramos evitar sentimentos ruins e nos aproximar das sensações boas”, explica.

“A segunda, é que uma alimentação pouco saudável pode diminuir nosso domínio-próprio. Quando estressadas por conta do trabalho, as pessoas têm mais dificuldade de controlar seus comportamentos e escolhas de acordo com suas metas pessoais ou convenções sociais”. Compensar o estresse com comida, sob essa lógica, seria nada menos que um ato de desobediência – contra o que os médicos dizem ser certo e ao que sua própria saúde considera certo também.

O cenário mudava completamente, no entanto, quando entrava na jogada um terceiro fator: a qualidade de sono. Ainda que um trabalho estressante seja sinônimo de uma rotina atarefada – e essa última, de maus hábitos de sono – dormir melhor pode interromper o círculo vicioso de ficar estressado e descontar na comida.

“Quem dormiu bem na noite anterior, quis comer melhor, mesmo depois de encarar outro longo e estressante dia”, diz Chu-Hsiang Chang, co-autora da pesquisa. Mais tempo na cama melhorou a disposição dos empregados pela manhã, diminuindo o efeito do estresse que lidar com demandas e atender o consumidor trazia normalmente. Mais longânimos, os voluntários se deixaram abater menos pelo cansaço e estresse da rotina – e optaram por refeições mais saudáveis.

O que isso tudo quer dizer? Que você não precisa se auto-recompensar com alguma comida super gordurosa por ter vencido aquela semana “do cão”. Deixar o celular de lado e passar a deitar uma hora mais cedo previne que você busque forças para continuar de forma pouco saudável. E prevenir, já diria o velho ditado, sempre é melhor que remediar.

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