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Trump tirou dados de contexto para justificar saída do Acordo de Paris

Trump (Foto: Wikimedia)

 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tirou dados de pesquisas de contexto para justificar a decisão de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris

Em anúncio feito na Casa Branca na quinta-feira (1), Trump confirmou que o país não participaria mais do Acordo assinado em 2015, considerado o maior tratado de combate às mudanças ambientais da história. "Para proteger a América e seus cidadãos, os Estados Unidos se retirarão do Acordo Climático de Paris. Mas começaremos a rediscutir esses acordos em termos justos para os trabalhadores e os contribuintes: estamos saindo, mas iniciaremos negociações para um acordo justo", afirmou o presidente no discurso.

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Durante o anúncio, Trump justificou a decisão citando, sem dar referências, uma pesquisa que sugeria que o corte de emissões estipulado pelo Acordo não teria nenhuma impacto na temperatura global. "Estima-se que [a redução] produziria a queda de somente dois décimos de 1ºC na temperatura global até 2100. Muito, muito pouco", ressaltou.

O presidente, no entanto, tirou dados de contexto para usá-los como argumento. De acordo com a agência Reuters, documentos da Casa Branca citam uma pesquisa chamada "How much of a difference will the Paris Agreement make?" (Quanta diferença o Acordo de Paris fará?, em tradução livre) produzida em 2016 pelo Programa de Ciência e Política de Mudanças Globais do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT) como referência. 

De acordo com o Technology Review, do MIT, a informação referente aos "dois décimos de um grau" foi retirada de um estudo feito pelo mesmo departamento em 2014. Por ter sido realizada um ano antes da oficialização do acordo, a pesquisa não incluia todas as diretrizes e compromissos dos países, e não considerava a possibilidade de as nações continuarem participando após 2030.

Um outro estudo, realizado em 2016, incorpora as promessas feitas pelos países participantes e revela que o impacto desse comprometimento seria entre 0,6 e 1,1ºC na temperatura mundial — uma queda considerável, de acordo com cientistas. 

Em entrevista ao Technology Review, um dos autores do estudo, o pesquisador Erwan Monier, revela que, aparentemente, a Casa Branca selecionou o menor número possível entre os estudos relacionados ao Acordo de Paris para justificar a saída dos Estados Unidos.

O cientista afirma também que não era verdadeira a informação de que o estudo concluiuque não valia a pena participar do acordo. "A ideia de que o Acordo de Paris tem um impacto possível de ser negligenciado nas mudanças climáticos do futuro não é o que transmitimos ou concluimos nas nossas análises", afirma Monier. "Deixamos claro que, se quisermos limitar o aumento da temperatura em 2ºC, precisamos ir além do acordo e continuar fazendo esse esforço após 2030."

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