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És a minha garota


Este final de semana, várias vezes me preparei para o adeus. Fechei portas internas que havia aberto, o vão escuro da porta entreaberta me assusta, fechei os olhos e o coração para não me magoar e chorei o que há anos não chorava. Mesmo que eu goste de chorar, não sei, me faz me sentir vivo, como se estivesse sendo sincero com os meus próprios sentimentos. A verdade é que quem não chora, por medo de parecer vulnerável, não sabe amar e sofrer quando necessário, segurar as lágrimas é coisa de amador no quesito amar. Sozinho, na companhia de livros que há anos digo que preciso terminar de ler, contei as horas no relógio como quem conta os minutos, segundos, para ser feliz. A ansiedade de poder voltar a ser feliz a qualquer instante é gostosa, mas também tão cruel. Acontece que o sofrimento retarda o tempo, cria esperanças e ao mesmo tempo uma vontade louca de sumir, mas, por ela, eu não seria medroso a ponto de sumir.

Por ela, sem medo de receber uma negativa, entrego o meu coração, alguns cookies com gotinhas de chocolate branco que compro às pressas no aeroporto e vários outros doces que envolvam chocolate, muito chocolate! Por ela, dou todo o meu tempo, amor, carinho, mimos e um pouco mais de tempo, caso necessário. Por ela, cedo as minhas ansiedades e palpitações em prol da sua estabilidade emocional. Por ela, cedo a minha vontade, sufocante, de sair correndo procurando-a, pelo receio de atrapalhar o tempo que ela precisa para conversar com o próprio coração. Ah, se ela soubesse como estou segurando uma manada de sentimentos dentro de mim; minha ansiedade vira mil folhas quando se trata de amor. Com ela já engasguei para falar sobre o amor, hoje, não quero perder mais um minuto se possível. Fica comigo? Eu te adoro! Eu te quero tão bem! Posso ser precipitado quando o quesito for dizer o que eu sinto por você? Com ela eu errei em detalhes que as pessoas normais jamais errariam. Nunca me senti tão mal por carregar as minhas diferenças comigo. Nunca me senti tão mal por deixar a minha pluralidade ser tão egoísta, mesmo que ela, infelizmente, faça parte de mim. Acontece que as minhas indecisões me matam, mas eu nunca deixaria que matassem o meu amor por ela.

De “ei, estou com saudades!”, hoje me contento somente com um simples e passageiro “oi” seguido de um ‘’fique bem…’’. As palavras do nosso vocabulário estão, aos poucos, sumindo, e cada palavra falada é pensada com todo o cuidado do mundo. Saudade de quando a gente podia falar o que vinha à cabeça sem pedir licença. Se eu pudesse ter outras maneiras de demonstrar o quão gosto dela, eu faria. Gritaria pelas ruas, colocaria faixas escritas penduradas nos prédios, mandaria telegramas com selos raríssimos e deixaria o cantinho dela na cama separado por toda eternidade. Não sei se por toda eternidade, mas, pelo menos, até eu descobrir se ela ronca ou não. Na verdade, eu sei que ela ronca, mas, convenhamos, o que é um ruído grave de respiração, perto da sensação de acordar todo dia ao lado dela? E só eu e ela sabemos o quão gostoso é o nosso despertar.

A nossa relação sempre foi diferente. Diferente até das vezes que, para mim, já foram diferentes. Não sei onde ela está. Se esta preocupada tentando desgostar cada vez mais de mim, se preferindo perder a alma da nossa relação em troca do vazio frio e mutuo em que vivíamos, se está procurando homens que preferem batata doce a pizza, ou que sejam mais maduros com as coisas chatas e banais da vida. Eu sempre disse a ela que gosto de cama elástica e sorvete de casquinha… Talvez ela goste de um homem diferente do que sou, e eu a entendo, acontece que as minhas qualidades não são brownie de chocolate, mas torta de limão; gostoso, mas nem todo mundo gosta.

Ela, sem duvidas, nesta fase da minha vida, é a minha garota. E olha que já falei isso para ela centenas de vezes. Posso falar a centésima primeira? – És a minha garota! Mas claro, isto só se ela ler este texto… mas não sei se ela leria, ela nunca foi de ler as coisas que escrevo.

PS: Na escrita digo as mesmas coisas que digo com os olhos, mas não sei proferir com a boca. Vivo intensamente e não tenho medo de perder o meu orgulho, mas quem amo.

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