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Frida Kahlo: 5 fatos para entender quem foi a artista

Quadro "As duas Fridas", da artista Frida Kahlo, de 1939 (Foto: Reprodução/ Flickr/ Cea +/ Creative Commons)

 

Você já deve ter visto Frida Kahlo em camisetas, canecas ou fantasias de Carnaval. Ou talvez tenha assistido ao filme dedicado a ela, estrelado pela atriz Salma Hayek. A pintora mexicana, no entanto, é muito mais do que isso: considerada uma mulher a frente de seu tempo, ela retratou nos quadros suas dores e explorou temas como o casamento, a maternidade, a bissexualidade e o aborto.

Uma das principais obras que contam a vida dela é Frida — A Biografia  (620 páginas, Biblioteca Azul - Globo Livros, R$ 64,90), escrito pela historiadora Hayden Herrera e lançado em 1983. No livro, Herrera vai além de fatos conhecidos da história da artista, como a poliomielite na perna, o casamento conturbado com Diego Rivera e o caso com Leon Trotsky. A autora mostra que Kahlo é ainda mais interessante e revolucionária do que se imaginava.

A GALILEU separou algumas das revelações que mostram como a artista se tornou uma referência mundial. Confira:

Viva la revolución
Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón nasceu em seis de julho de 1907, na Cidade do México. Ela cresceu no período da Revolução Mexicana, que durou de 1910 a 1920, convivendo com tiroteios e batalhas entre camponeses. Por esse motivo, ela se dizia "filha da Revolução" e se orgulhava de ter testemunhado os conflitos. “Em 1914, as balas passavam zunindo. Ainda hoje ouço aquele som sibilante extraordinário”, escreveu Kahlo em um trecho de seu diário, presente na biografia de Herrera.

Ela também demonstrava admiração pela mãe, Matilde Kahlo, que ajudava os combatentes famintos com porções de comida. A figura materna e os combates foram importantes para que a relação da artista com seu país natal se tornasse tão forte.

Quadro 'Autorretrato com Colar de Espinhos e Beija-flor' de Frida Kahlo, de 1940 (Foto: Reprodução/ Flickr/ Yuan Tian / Creative Commons)

 

Viva México
Sempre homenageando e salientando sua cultura, Kahlo se orgulhava de ser mexicana.
Depois de se casar pela primeira vez com Diego Rivera, eles embarcaram para uma temporada nos Estados Unidos. A pintora não se sentia confortável por lá e, às vezes, zombava dos norte-americanos, como Herrera retrata no livro com a seguinte frase da mexicana: “Não morro de amores pelos gringos. São chatos e todos têm cara de pão cru (especialmente as mulheres velhas)”.

A artista também declarava aversão aos padrões de beleza de Hollywood. Sua marca registrada — o buço e as sobrancelhas espessas e escuras — eram uma forma de contestação, além das roupas coloridas, estampadas e floridas que traziam referências dos costumes mexicanos. 

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Viva la contradicción
Apesar de assumir o corpo e vestimentas que fugiam dos moldes da época, Kahlo era cheia de contradições. As saias longas e rodadas — do estilo tehuana, da região de Oaxaca, no Sul do México — eram usadas para esconder a deformidade das pernas (uma era mais curta do que a outra por sequela da poliomielite). Devido ao acidente que sofreu, ela adquiriu problemas na coluna e precisou vestir, até o dia da morte, corseletes e coletes de gesso que enfeitava com flores, bordados e rendas.

De acordo com a autora da biografia, os adereços foram aumentando e ficando mais elaborados à medida que a condição de saúde de Kahlo piorava. "Assim como os autorretratos confirmavam sua existência, as roupas faziam com que a mulher frágil, quase sempre presa à cama, se sentisse mais magnética, mais visível e mais enfaticamente presente como objeto físico no espaço. Paradoxalmente, eram uma máscara e uma moldura. Uma vez que definiam a identidade de quem as usava em termos de aparência, as roupas distraiam Frida — e o observador — da dor interior", escreveu Herrera.

Quadro 'A coluna partida', de 1944, da pintora Frida Kahlo (Foto: Reprodução/ Flickr/ Yuan Tian/ Creative Commons)

 

Viva Frida
O avô e pai da artista eram fotógrafos, o que a influenciou a produzir suas principais obras: os autorretratos. Nas pinturas, ela se retratava de diferentes formas sem medo expor suas dores e vulnerabilidades. “Ao pintar a si mesma sangrando, chorando, aberta ao meio, ela transmutou sua dor em arte com extraordinária franqueza, temperada com humor e fantasia", relata Herrera no livro. "Sempre específica, afeita a um escopo investigativo mais profundo do que abrangente, a autobiografia em forma de pintura que Frida levou a cabo tem uma força e uma intensidade pecualiares — força que pode causar no observador um desconfortável fascínio."

Viva la vida
Kahlo faleceu em 13 de julho de 1954, na mesma cidade em que nasceu. Oito dias antes de morrer, ela escreveu seu nome e a frase “Viva la vida” em seu último quadro, que ganhou o mesmo título. “Na tela, em cujo pano de fundo há um céu azul brilhante dividido em duas metades, uma mais clara, outro mais escura, há melancias, a fruta mais amada do México, inteiras, cortadas ao meio, divididas em quatro, esculpidas, aos pedaços", relata Herrera. "As pinceladas são executadas com muito mais controle do que outras naturezas-mortas tardias de Frida; a composição das formas é solidamente definida. É como se Frida tivesse reunido e concentrado toda a vitalidade que lhe restava a fim de pintar essa última declaração de alegria."

A obra desperta interesse e inquietação do público até hoje. Um dos exemplos é a banda britânica Coldplay, que intitulou de “Viva la vida” o quarto álbum do grupo.

Quadro 'Viva la vida", de Frida Kahlo, de 1954 (Foto: Reprodução)

 


*Com supervisão de Isabela Moreira

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