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Iceberg do tamanho do DF finalmente se desprende da Antártida

A plataforma de gelo gigante Larsen C, localizada na costa oeste da Antártida, está pelo menos 12% menor. Tudo por conta da perda de um anexo de peso: um iceberg de quase um trilhão de toneladas e com área semelhante a do Distrito Federal (cerca de 5,8 mil km²).

Estima-se que a separação tenha acontecido entre os dias 10 e 12 deste mês. Ela foi detectada pelo satélite “Aqua”, da Nasa, e veio a público por pesquisadores de universidades britânicas que integram o projeto Midas. Por ter conquistado a independência do continente gelado, o iceberg passará a ser chamado por seu nome próprio: A68.

O acontecimento já era aguardado há algum tempo pelos cientistas. Grupos de pesquisadores passaram os últimos anos monitorando a região, o que rendeu uma cobertura detalhada da situação do mais recente blocão de gelo – sobretudo nos últimos meses.

Presente desde 2014 no local, o projeto Midas notou em agosto do ano passado que a fenda vinha aumentando de tamanho em alta velocidade. Em cinco meses, o buraco avançara 22 km. O ritmo se intensificou mais ainda ao final de 2016 – época em que a imagem que você vê acima foi feita. No mês de dezembro, o alargamento foi recorde: 18 km em apenas duas semanas.

Desde janeiro deste ano, anunciava-se que a falha poderia se romper, quebrando a qualquer momento os 350 metros de espessura da plataforma. Isso porque no começo de 2017 apenas 20 km de gelo seguravam o iceberg ao seu local de origem. A resistência ficou menor em junho, diminuindo para para 13 km, até chegar à marca dos 5 km no início de julho – e ceder de vez nesta semana.

Um comunicado da ESA, Agência Espacial Europeia, destaca que correntes marítimas podem levar fragmentos do iceberg à deriva no mar e atrapalhar o fluxo de barcos na Passagem de Drake, localizada ao norte das Ilhas Falkland. Além do problema local, a perda de novos blocos de gelo ao redor do continente pode, futuramente, permitir que geleiras internas se movam em direção ao mar.

A separação de placas de gelo nas regiões polares é um fenômeno que ocorre naturalmente. Porém, entende-se que os efeitos do aquecimento global possam contribuir para acelerar o processo em algumas regiões. A elevação da temperatura dos oceanos aumenta o derretimento da parte de baixo das placas, que está em contato com a água. Enquanto isso, o ar mais quente finaliza o trabalho, desgastando a parte de cima.

Apesar da tese não ser aceita por toda comunidade científica, os cientistas do projeto Midas temem que o novo tamanho desestabilize a plataforma Larsen C, deixando-a mais instável – e mais afim de sair boiando pelo Mar da Antártida. A preocupação faz sentido se considerado o histórico da região, e o exemplo de plataformas vizinhas. A “Larsen A” se desprendeu em 1995 e a “Larsen B” seguiu seu próprio caminho em 2002 – e deve se dissolver por completo até o fim da década.

Flutuando no oceano, as plataformas têm papel fundamental no controle do degelo de áreas localizadas no continente. Sem elas, a água perdida pelas geleiras acabaria parando direto nos mares, elevando o nível das águas oceânicas. Se a desintegração total for também o destino da Larsen C, a quarta maior plataforma de gelo da Antártida, o nível dos mares pode aumentar em até 10 centímetros – segundo estimativas dos pesquisadores.

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