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Instrumento no Atacama vai caçar planetas em outros sistemas solares

Astrônomos do ESO fazem ajustes no instrumento MASCARA, caçador de exoplanetas (Foto: ESO/G. Otten and G. J. Talens)

Dá para acreditar que, juntando cinco câmeras digitais, é possível descobrir mundos distantes orbitando as estrelas mais brilhantes do céu noturno? Pode parecer mentira, mas é assim que um instrumento astronômico recém-inaugurado nos Andes chilenos, em pleno deserto do Atacama, consegue detectar planetas em outros sistemas solares.

Construída nas instalações de La Silla do Observatório Europeu do Sul (ESO), a estação é uma das duas que compõem o instrumento MASCARA (Multi-site All-Sky CAmeRA) — a outra fica nas Ilhas Canárias, arquipélago próximo à costa do Marrocos.

“São necessárias estações tanto no hemisfério norte quanto no sul para obter uma cobertura de todo o céu”, disse em comunicado o líder do projeto, Ignas Snellen, da Universidade de Leiden. “Com a segunda estação operando em La Silla, podemos monitorar quase todas as estrelas mais brilhantes”, explica o astrônomo.

Primeiro planetas, depois atmosferas
Uma das maiores expectativas em torno do projeto é que, devido à grande abrangência do céu noturno, ele poderá analisar estrelas que não são objeto de pesquisa de nenhum outro levantamento astronômico.

Com isso, criará um valioso catálogo de exoplanetas, com dados preliminares de tamanho, massa e órbita. O foco do MASCARA são os chamados Júpiteres quentes, mas também tem potencial de encontrar Super-Terras e gigantes gasosos do tamanho de Netuno.

Instrumento é formado por duas estações com cinco câmeras cada: uma fica no Chile e a outra nas Ilhas Canárias (Foto: ESO/G. J. Talens)

 

Nos próximos anos, telescópios como o James Webb, que sucederá o Hubble no espaço, ou o VLT, do próprio ESO, poderão apontar para esses mundos distantes e fazer uma caracterização detalhada de suas atmosferas — podendo, quem sabe, determinar se são habitáveis ou não. E até achar planetas com potencial de abrigar vida.

Entre os especialistas, o instrumento tem sido considerado bastante promissor por ser compacto e de baixo custo, além de flexível, inovador e bastante confiável.

Mundos em trânsito
Com um bocado de engenhosidade científica, os pesquisadores modificaram alguns componentes das câmeras e bolaram um software capaz de identificar a leve oscilação no brilho das estrelas quando seus planetas passam em frente a elas, bloqueando parte da luz que emitem.

Também utilizada pelo telescópio espacial Kepler, a técnica do trânsito planetário foi, de longe, a que mais resultou em detecções de exoplanetas até o momento: dos 3.499 confirmados, 2.757 foram detectados graças a este método. Isso equivale a 78% do total.

Em segundo lugar, com 639 descobertas, fica a velocidade radial — o mundo é encontrado graças ao leve “puxãozinho” que sua gravidade exerce na estrela-mãe.

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