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Jane Austen: 11 fatos que você precisa saber sobre a escritora

Retrato de Jane Austen feito com base em uma ilustração da irmã da escritora (Foto: Wikimedia)

 

É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa. Publicada em 1813, a primeira frase de Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, se tornou uma das mais famosas da literatura — mas isso demorou a acontecer.

Nascida em dezembro de 1775 em Steventon, na Inglaterra, Austen foi a segunda filha de uma família de seis meninos a nascer. Desde a pré-adolescência, ela já mostrava inclinação e talento para a escrita, desenvolvendo contos, romances e peças que lia em voz alta e apresentava para a família toda.

A habilidade de escrever personagens femininas complexas e de explorar os conflitos das relações de classe e gênero fizeram dela uma escritora à frente de seu tempo, publicando clássicos como Razão e Sensibilidade (1811), Mansfield Park (1814), Emma (1815), A Abadia de Northanger Persuasão (ambos de 1818).

Na biografia Jane Austen - Uma Vida Revelada (224 páginas, Editora Novo Século, R$ 39,90), Catherine Reef aborda a vida e a carreira de Austen. Separamos onze fatos essenciais apresentados pelo livro. Confira:

1 - Depois que Jane Austen morreu, seus parentes queimaram boa parte de sua correspondência — poucas cartas foram salvas por sua irmã, Cassandra, de quem era bastante próxima. A partir de então, a família tentou criar a imagem que queriam que as pessoas tivessem da escritora: alguém dócil e impecável.

2 - A única imagem que exista da autora é a de um retrato que Cassandra pintou e que, segundo várias fontes, não corresponde com a figura de Austen. De acordo com Reef, relatos de conhecidos descrevem a autora de Orgulho e Preconceito como “uma boneca”, com bom humor e “uma boa dose de cor na face”, outros dizem que ela tinha “bochechas cheias e arredondadas”. Já um de seus vizinhos afirma que ela era “uma pessoa alta e seca, com as maçãs do rosto muito salientes”.

Ilustração feita por Cassandra Austen (Foto: Divulgação )

 

O retrato em questão foi alterado com o desenho de uma aliança no dedo de Austen, o que não corresponde com a realidade já que ela nunca se casou.

A imagem mais conhecida da escritora foi feita com base na ilustração de Cassandra, e acrescenta um anel à mão de Jane, que nunca se casou (Foto: Divulgação )

 

3 - Os romances de Austen surgiram no momento em que livros de aventura e exploração faziam sucesso. Em vez de abordar esses assuntos, ela escolheu esmiuçar intrigas familiares no universo rural e limitado de seus personagens. Segundo Reef, a escritora teria, certa vez, afirmado que só precisava de três ou quatro famílias para desenvolver uma boa história.  

4 - Jane Austen era filha de um reverendo. Enquanto seus irmãos puderam estudar matemática, história e outros campos do conhecimento, ela e sua irmã ficaram limitadas a habilidades domésticas ou consideradas essenciais a uma esposa, como a capacidade de costurar e tocar piano. 

5 - Entre os 11 e os 17 anos, Austen escreveu vários romances e contos sobre o cotidiano do interior da Inglaterra. Aos 14 anos, ela escreveu Amor e Amizade, um romance sobre as jovens Laura e Sofia. A história é cheia de acidentes de carruagens, assaltos e fugas. 

6 - Aos 20 anos, a jovem Austen conheceu Tom Lefroy, sobrinho de uma família amiga, e os dois se encantaram um pelo outro. Na época, dois jovens não podiam ficar sozinhos e um só poderia escrever para o outro se estivessem noivos — Jane e Tom quebraram essas e outras regras, o que foi considerado um comportamento vergonhoso por amigos e familiares que acompanharam os acontecimentos.

A relação foi retratada no filme Amor e Inocência (2007), no qual a escritora é vivida por Anne Hathaway (O Diabo Veste Prada) e Lefroy por James McAvoy (Fragmentado). Ao contrário do que a adaptação cinematográfica mostra, o par se encontrou cerca de quatro vezes em ocasiões sociais, e nunca chegou a ter um envolvimento mais sério. Isso porque, quando os pais de Lefroy perceberam a possibilidade de ele se envolver com a filha de um reverendo, apressaram a ida do rapaz a Londres. Como ele era filho de um oficial do exército, acreditava-se que ele merecia mais.

Anne Hathaway e James McAvoy como Jane Austen e Tom Lefroy em 'Amor e Inocência' (Foto: Divulgação )

 

7 - Enquanto se encantava por Tom Lefroy, Austen deu início ao romance Elinor e Marianne, sobre duas irmãs: uma guiada pela prudência; outra, pelo coração. Quinze anos depois, a história foi publicada anonimamente em três volumes com o título de Razão e Sensibilidade e, em 1995, foi adaptado para os cinemas, com um roteiro de Emma Thompson, que também interpretou Elinor.

Kate Winslet e Emma Thompson no filme de 'Razão e Sensibilidade' (Foto: Divulgação )

 

A atriz ganhou um Globo de Ouro por seu trabalho e fingiu ser Austen em seu discurso de aceitação, fazendo várias tiradas irônicas e engraçadas. Veja o vídeo aqui.

8 - Em 1813, Austen continuou seu romance Primeiras Impressões, que foi ser publicado com o título Orgulho e Preconceito. O nome surgiu a partir de uma frase de um livro chamado Cecilia, de Fanny Burney, do qual a autora gostava. “A combinação de toda essa situação desafortunada foi o resultado do orgulho e do preconceito”, diz um dos personagens.

Darcy e Elizabeth na minissérie de 'Orgulho e Preconceito', lançada em 1995 (Foto: Divulgação )

 

Orgulho e Preconceito foi um sucesso imediato de publicação. Segundo os críticos, o livro era “muito superior a quase todas as publicações do mesmo gênero lançadas” na época.

9 - Apesar da inteligência e da carreira como escritora, ser solteira era um fator que a deixava dependente dos outros. Quando, em meados de 1800, sua família decidiu se mudar de Steventon, cidade onde nasceu e cresceu, para Bath, ela teve que ir junto, mesmo contrariada. Ela só foi ter dinheiro próprio aos 36 anos, quando Razão e Sensibilidade foi publicado.

10 - No fim de 1816, a autora adoeceu. “Escrever me parece impossível, com a cabeça cheia de quartos de carneiro e doses de ruibarbo”, escreveu ela à sua irmã, Cassandra. Ainda assim, por muitos meses insistiu que estava melhor, começando, inclusive, um novo romance: Os Irmãos. O livro falava de várias famílias que viviam a beira-mar e nunca foi finalizado. Após a morte da autora, os Austen mudaram o nome da história nunca finalizada para Sanditon.

11 - Acredita-se que a escritora tenha sofrido a Doença de Addison, um distúrbio no qual as glândulas adrenais não produzem hormônios suficientes. Nos últimos anos, no entanto, cientistas levantaram a possibilidade de Austen ter morrido envenenada por arsênico

A teoria surgiu quando os cientistas começaram a analisar três pares de óculos que teriam pertencido à autora. Após sua morte, a escrivaninha de Austen ficou com sua irmã, Cassandra, que a passou adiante para outro irmão. Em 1999, o móvel foi doado para a British Library por Joan Austen-Leigh. Dentro dele, os pesquisadores encontraram os óculos.

Durante a análise, perceberam que os graus das lentes variavam muito de um óculos para o outro, como se o dono deles tivesse a visão deteriorada com o passar do tempo. A descrição bate com a feita por Austen durante seus últimos anos de vida: em cartas para irmã Cassandra, ela relatava estar com cada vez mais problemas de visão.

Os cientistas então consultaram o optometrista Simon Barnard que, ao avaliar os resultados, sugeriu que Austen, de início, usou óculos para leitura e bordado. O especialista acredita que a escritora então começou a ter catarata. A possibilidade de a doença ter sido causada por diabetes foi descartada, já que teria que estar avançada demais, e possivelmente a autora não conseguiria sobreviver tempo o suficiente para ter diferentes graus de óculos.

Barnard sugeriu então que, se Austen teve catarata, a doença foi causada por um envenenamento acidental por algum metal pesado, como o arsênico, já que a substância era comum em remédios, na água e até mesmo no papel de parede da época. A hipótese, no entanto, não foi confirmada.

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