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Por que algumas pessoas são tão extremistas? A ciência explica

Se houve uma época em que religião era algo que não se discutia, ela existiu antes das redes sociais. Hoje, debater sobre fé – com gente que não necessariamente concorda com você – nunca foi tão fácil. Fácil, no entanto, não significa harmônico. Eventualmente os ânimos acabam mesmo se exaltando, às vezes por conta de uma postura mais extremista de uma ou outra parte.

O que um estudo publicado no periódico Journal and Religion and Health mostrou é que tanto religiosos como quem não tem religião podem ser considerados dogmáticos demais – ou seja, irredutíveis em relação àquilo em que acreditam. A principal diferença, porém, está no quanto cada um deles considera aspectos morais em sua forma de pensar.

“A pesquisa sugere que pessoas mais religiosas aderem a certas concepções, especialmente as consideradas estranhas de um ponto de vista mais cético, porque elas vão de encontro com sua própria moral”, segundo Jared Friedman, coautor da pesquisa.

“Quanto mais correta for uma coisa do ponto de vista moral, mais ela reafirmará o que as pessoas religiosas acreditam”, explica Anthony Jack, que também conduziu o estudo. “Por outro lado, aspectos morais fazem com que as pessoas céticas tenham menos certeza de algo.” Como ‘moral’, aqui, você pode entender essa facilidade de se colocar no lugar do outro, ou ter empatia.

Para concluir isso, os cientistas conduziram dois experimentos que, no total, coletaram dados de mais de 900 voluntários. No primeiro, foram 209 cristãos, 153 identificados como sem religião, 9 judeus, 5 budistas, 4 hinduístas, 1 muçulmano e 24 pessoas de outras religiões. Eles responderam testes com perguntas que os provocavam sobre dogmatismo, empatia, pensamento crítico e consciência social.

Os religiosos se deram melhor nos quesitos empatia e consciência social – mas se mostraram, também, mais dogmáticos. Quem era cético, por sua vez, teve maior pensamento crítico. No caso de quem não tinha religião, ligar menos para os outros foi sinônimo de ter uma postura mais extremista.

Já o segundo estudo contou com 210 cristãos, 202 sem religião, 63 hinduístas, 12 budistas, 11 judeus, 10 muçulmanos, e 19 de outras religiões. Eles repetiram o teste feito com o primeiro grupo, incrementado para identificar aspectos de fundamentalismo religioso, e também com mais questões que os provocavam a se colocar no lugar do outro.

As relações encontradas foram as mesmas do primeiro estudo. Religiosos mais extremistas se dominavam mais por aspectos relacionados à empatia, enquanto céticos ao extremo se guiavam essencialmente por seu raciocínio lógico.

De acordo com os pesquisadores, entender essas diferenças pode ser a chave para conseguir uma comunicação mais efetiva com cada tipo de pessoa, deixando os debates menos polarizados. Apelar para o senso moral de um religioso e apostar na lógica para argumentar com alguém sem religião garante que a conversa flua de forma mais eficiente – e cada um consiga, minimamente, entender o ponto do outro.

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