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Empresário quer trazer sistema de transporte futurístico para o Brasil

 (Foto: Divulgação)

 

Em 2012, Elon Musk mencionou pela primeira vez publicamente sua ideia para um sistema que transportaria passageiros e cargas em cápsulas que se movem dentro de tubos metálicos com ar de baixa pressão. O criador da Tesla e da Space X disponibilizou o projeto, chamado de Hyperloop, para que outras empresas o desenvolvessem.

A Hyperloop Transporation Technologies foi uma delas. Desenvolvida pelos empresários Dirk Ahlborn e Bibop Gresta, a empresa tem como objetivo desenvolver o chamado “quinto meio de transporte” de forma que ele seja sustentável para a economia e o meio ambiente.

Em passagem pelo Brasil para o evento Friends of Tomorrow Conference, em São Paulo, Gresta anunciou que companhia tem intenção de trazer o projeto para o país.

“Vamos conhecer o seu Ministro do Transporte durante a semana e discutiremos planos concretos. Também temos vários investidores locais interessados”, contou Gresta em entrevista à GALILEU. “Acho que será um futuro incrível.” Um futuro que, segundo ele, não está muito distante. Confira a nossa conversa com o empresário:

Por que este é o momento certo para transformar este projeto em realidade?
O Brasil é um país especial: tem uma população densa, porque as pessoas estão concentradas nas cidades principais, há uma falta de interesse em infraestrutura e necessita de um transporte mais sustentável para pessoas e cargas.

O país tem uma oportunidade imensa de migrar para uma nova geração de empresas e tecnologias que podem resolver problemas de transporte sem ser um fardo para a economia. Toda a indústria do transporte é baseada em um modelo que precisa de subsídios do Estado.

Imagine o que será para o Brasil construir a estrutura de uma ferrovia de alta velocidade — significaria colocar vários pontos do PIB em uma infraestrutura que não é lucrativa ou eficiente. A Hyperloop tem uma solução para transportar as pessoas de uma forma mais eficaz e rentável.

O Brasil será o primeiro país latino-americano a fazer receber o Hyperloop?
Eu estive em vários outros países, como Chile, México, mas o Brasil está no momento certo para receber uma tecnologia como essa. Vi muitas pessoas interessadas no projeto, tanto figuras ligadas à política quanto investidores privados. Este é o momento certo.

Como será o modelo de negócios do Hyperloop? As pessoas terão que pagar suas passagens…?
Estamos pensando em desenvolver uma tecnologia que não tenha o pagamento de passagens como forma de monetização. Como usamos uma combinação entre energia renovável — painéis solares, vento, energia cinética, energia geotérmica quando o clima não favorece os painéis solares —, temos a possibilidade de gerar 30% mais energia do que a quantidade que consumimos. E isso pode ser utilizado para pagar pela infraestrutura, bem como subsidiar a viagem.

Podemos ter diferentes modelos de negócios que nos permitam monetizar o usuário: banco de dados, publicidade e outros modelos. No futuro, quando a eficiência dos painéis solares for tanta que o preço deles diminuirá, chegaremos num momento de equilíbrio em que não será necessário pedir dinheiro aos passageiros, pois a infraestrutura pode se pagar utilizando a energia renovável. E não estamos falando de um futuro distante: temos tecnologias que nos permitem realizar isso neste momento.

 (Foto: Divulgação)

 

Modelos alternativos como os que você citou podem ser um artifício para evitar que o serviço não seja acessível para as pessoas que mais precisam dele.
Isso. E temos propostas diferentes para o governo. Os modelos de infraestrutura que temos atualmente precisam de subsídios e da intervenção do Estado para que tudo seja pago. Por Estado, quero dizer as pessoas, porque são os impostos que pagam essas infraestruturas. No caso do Hyperloop, é possível ter uma infraestrutura paga por pessoas e empresas privadas, e que pode gerar dinheiro o suficiente para devolver dinheiro ao Estado.

Quais são alguns dos desafios tecnológicos e científicos do desenvolvimento do Hyperloop?
Estamos gastando mais tempo criando regulamentos para o Hyperloop: não somos um avião, nem um barco, um carro ou um trem, somos um outro modo de transporte. Precisamos de diretrizes específicas para entrar em funcionamento. Felizmente, no começo da nossa operação envolvemos a TUV, que é uma agência de certificação de estradas de ferros e aviões, no design e uma outra empresa de seguro.

Logo no início da nossa trajetória criamos um caminho para certificar a nossa tecnologia e essa é uma ótima abordagem, porque agora estamos prontos para construir a primeira empreitada e estaremos automaticamente trabalhando com o governo para criar regulamentos para ela.

A infraestrutura será adequada para as necessidades de cada país? Como de um que têm mais chances de sofrer terremotos do que um que não tem, por exemplo?
É uma boa pergunta. O Hyperloop está sendo desenvolvido com tecnologias que já existem. O problema de desenvolver uma infraestrutura que suporte um terremoto já foi resolvido: há tubulações construídas da América do Norte que resistem a fenômenos climáticos.

Não estamos inventando nada, só melhorando tecnologias que já existem e criando sustentabilidade para o projeto. Usamos tipos específicos de concreto que possibilitam uma construção rápida, eficiente e que não têm muito impacto onde colocamos o Hyperloop.

O Hyperloop conta com colaboradores do mundo inteiro. Com a empreitada no Brasil, você espera que cientistas e empreendedores brasileiros se envolvam no projeto?
Com certeza. Também estou no país para promover nosso programa de parcerias. Já temos parceiros incríveis a bordo e estamos recrutando colaboradores que sejam apaixonados pela possibilidade de mudar o planeta. Quem participa não se torna só um funcionário, mas se tornam donos da nossa empresa [os empregados ganham participação nas ações da Hyperloop].

Essa é a diferença entre a sua empresa e a Hyperloop One, que desenvolve uma tecnologia parecida, certo?
Sim. Nós também estamos tentando criar algo que fuja do modelo de consumo. Pegamos tecnologias que já existem e as melhoramos. Isso nos permite ser eficientes e sustentáveis. Na nossa visão, esse modelo deveria ser o implementado em infraestruturas do futuro.

Digamos que você tenha os parceiros, os investidores, as permissões: quanto tempo demoraria para o Hyperloop ficar pronto?
Trinta e oito meses. Quanto mais rápido o governo nos der as permissões, mais cedo teremos o primeiro passageiro a viajar em um Hyperloop.

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