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A minha ansiedade é um inferno particular


Muitas vezes me perco entre as minhas inúmeras ansiedades. Sinto como se elas testassem diariamente a minha capacidade de suportar uma enxurrada de dúvidas e, pior, tivessem o sadismo de resgatar algumas lembranças tristes que ainda me doem. As minhas ansiedades me corroem, me tiram o ar, literalmente, quando não me roubam as esperanças e o sorriso do rosto. São insistentes, conversam comigo em momentos que eu não gostaria de conversar e me deixam com algumas inseguranças que eu gostaria tanto que não me pertencessem mais. Elas são como aquelas amizades que um dia já amamos, já foram eufóricas, felizes e tiveram o seu momento de companheirismo na adolescência, mas, hoje, não fazem mais sentido.

Toda noite, quando o relógio insiste em fazer maratona pelas ruas do meu coração, me questiono por que a minha cabeça não esvazia como o meu coração já cansou de fazer? A ansiedade habita de maneira tão corriqueira dentro de mim, que algumas vezes já me peguei até com medo de ser feliz. Não sei, era como se eu não merecesse tal felicidade. Medo de ser feliz, qual o nome desta doença!? Me parece grave… No medo de errar, eu me apavorava e desistia; no medo de amar, pegava as minhas trouxas e fugia para a minha concha de retalhos emocionais; no medo da insuportável aparição da ansiedade; ficava por horas e horas entre as cobertas e com as luzes apagadas. Feito o melhor brinquedo do parque, a minha cabeça brincava de ser o carrossel que todas as crianças gostariam de brincar; subiam, pulavam, gritavam e batiam insistentemente os pés, enquanto eu girava, girava e girava, em um único movimento circular e repetitivo, sem nem saber o porquê.

Dividir com alguém as angustias das nossas mais íntimas, recorrentes e incoerentes ansiedades, é um sofrimento solitário. Solitário, pois, não converso sobre as minhas ansiedades com quem sinto que não se disporia a me ouvir. E por sentir que poucos conseguiriam dimensionar o meu sofrimento, me fecho em solidão, me permito silenciar a boca, os olhos e o acelerado bater do coração. Fico sozinho, brinco de catastrofizar as minhas próprias vivências e percebo que já estou ficando pós-graduado em antecipar desgraças que provavelmente nunca acontecerão. Fato é que só compreende a profundeza de uma crise de ansiedade quem já sentiu, quem já viveu, quem já criou laços de amizade com as obscenas e solitárias madrugadas, quem já latejou a cabeça em busca de soluções que não existem, e caso existam, só dependem do nosso, nem sempre amigo, tempo.

Abafar os pensamentos é uma constante agonia que carrego comigo desde pequeno. Acenar para a minha autoestima no quesito amar é uma luta diária e que oscila com o meu emocional. Lembrar que as nossas vidas ainda terão muitas boas notícias por vir é uma mensagem que escrevo em um pedacinho de papel e deixo na porta da minha geladeira para ler todos os dias pela manhã. A verdade é que não sou uma pessoa triste, longe disso, mas, às vezes, quando imergido nas profundezas das minhas mais íntimas e confusas ansiedades, infelizmente, me esqueço deste pequeno detalhe.

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