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Físico revela o que há de real por trás da Força de Star Wars

Conforme o filme Star Wars: “Os últimos Jedi” estreia no cinema e a heroína Ray busca aprender os caminhos da força com um velho e isolado Luke Skywalker, algumas questões lógicas e óbvias surgem:

Tem algo na ciência - particularmente na física quântica - que se assemelha à Força? Os objetos podem ser manipulados instantaneamente a distância?

A física moderna talvez tenha respostas.

Essa não é a força que você está procurando

Obi-Wan Kenobi disse a Luke Skywalker no primeiro filme do “Star Wars” (capítulo IV) que a força “nos cerca e penetra; ela mantém a galáxia unida”.

Físicos modernos sabem que há quatro forças fundamentais; duas forças nucleares, a eletromagnética e a gravitacional. Todas essas desempenham um papel em manter a matéria unida, desde o menor dos átomos até o maior dos planetas.

Entretanto, essas provavelmente não são as forças que vocês estão procurando. Ben Kenobi, Yoda e, eventualmente, Luke, podem comunicar telepaticamente em grandes distâncias e mover objetos com suas mentes.

Essas proezas são possíveis? O que as leis da física dizem sobre isso?

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Eu acho sua falta de fé perturbadora

A teoria da relatividade de Einstein colocou algumas restrições no quão rápido podemos nos comunicar - O limite final da velocidade é a velocidade da luz.

Então, se você precisar mandar uma mensagem de Alderaan para avisar os cidadãos de um ataque imperial, haveria sempre um atraso. Mesmo se você quisesse, não poderia avisá-los a tempo da evacuação por que leva tempo para a luz viajar e transmitir a mensagem.

Ben Kenobi não poderia sentir o distúrbio na Força apenas alguns instantes após a Estrela da Morte destruir Alderaan. Ou poderia?

É verdade, tudo verdade

O que física quântica diz sobre informação transmitida em largas distâncias? Infelizmente nós não podemos quebrar o limite de velocidade do Einstein, mesmo se nós tivéssemos uma MIllennium Falcon. Vamos esquecer a alegação - talvez não tão absurda - de que percorreu a Kessel Rum em menos de 12 parsecs - uma medida de distância, não tempo.

Entretanto, por meio de um truque da mecânica quântica, você pode ligar duas partículas de um jeito especial, separar elas, e depois observar os efeitos de uma sobre a outra em grandes distâncias. É conhecido como emaranhamento quântico - posicionando dois objetos no mesmo estado de emaranhado quântico. E isso é mais estranho que qualquer coisa que o criador de Star Wars, George Lucas, poderia criar (Excluindo Jar Jar Binks, é claro).

O emaranhamento pode ser demonstrado em um laboratório de partículas de luz. Quando essas duas partículas, ou fótons, são separadas em grandes distâncias, continuam ligadas umas a outra. Se medir uma partícula, o estado da outra poderá ser determinado imediatamente, não importa quão longe estão.

Einstein não gostava muito dessa ideia, que chamava de assustadora ação a distância. Entretanto, experimentos de física moderna já mostraram que o emaranhamento é real - partículas podem se conectar a longas distâncias.

Como Han Solo diria: “É verdade. Tudo verdade”.

De fato, George Lucas foi influenciado pela teoria quântica quando estava escrevendo o roteiro original de Star Wars. No final da década de 60 e início de 70,  pensadores da Nova Era propuseram que o emaranhamento quântico é a ‘Força” que realmente nos mantém unidos.

É bem conhecido na física experimental que o observador pode se emaranhar com o objeto que está medindo, mudando o resultado.

Isso leva a ideia que nós todos estamos emaranhados de alguma forma, e existe uma conexão entre todos os seres vivos da galáxia.

Eu tenho um mau sentimento sobre isso

Mas há uma pegadinha. O efeito do emaranhamento quântico tende a ser muito pequeno em objetos do dia a dia.

Se Kylo Ren fosse um físico, ele poderia manipular algumas partículas de luz para se tornarem um emaranhado quântico, mas parar um raio laser ser mais difícil.
Entretanto, no mundo da física da Matéria condensada - o estudo dos sólidos - emaranhamento é algo mais comum.

Físicos do estado sólido estudam o emaranhamento de bilhões e bilhões de partículas juntas, normalmente com espetaculares novos resultados, como supercondutividade.

Esse novo fenômeno - como um supercondutor flutuando sobre um imã no efeito Meissner - vem de um macroscópico emaranhamento quântico de elétrons, ou uma assustadora “força” agindo em grandes distâncias.  

A ‘Força” do emaranhamento quântico realmente desperta nesses novos “materiais quânticos”.

De um certo ponto de vista

Então, há certa verdade na ideia por trás da “Força”, de um certo ponto de vista, como Ben Kenobi diria.

O emaranhamento quântico desempenha um papel na física moderna, sendo o princípio de união da matéria e energia. Entretanto, emaranhamento quântico em larga escala é difícil de atingir, e ainda mais difícil de observar nas criaturas vivas.

E a Força como “um campo de energia criado por todos os seres vivos”?
Físicos estão estudando agora mesmo os efeitos do emaranhamento quântico na biologia, em um campo relativamente novo chamado “biologia quântica”.

Há evidências circunstanciais de que os processos em grande biomoléculas poderiam influenciar pelo efeito do emaranhamento quântico.

A chance do emaranhamento desempenhar um papel significante nos processos de vida parecem baixos. Entretanto, como Han Solo diria: “Nunca me diga as chances!”.

* Professor e pesquisador na descoberta de materiais quânticos da Universidade de Winnipeg, no Canadá. Esse texto foi originalmente publicado no The Conversation.  

 

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