A IA do Google que venceu o melhor jogador de Go do mundo será aposentada
O que acontece com quem supera os melhores jogadores de Go do mundo? No caso do AlphaGo, vem a aposentadoria: depois de vencer o chinês Ke Jie, campeão mundial e o melhor jogador de Go da atualidade, a inteligência artificial criada pelo Google especificamente para o jogo está dando adeus às disputas.
Go é tido por muita gente como o jogo de tabuleiro mais complexo que existe e, por conta disso, havia a crença de que o AlphaGo poderia levar anos para derrotar os jogadores mais habilidosos. Não é por menos: o tabuleiro do jogo possibilita 10171 posições, um número tão elevado que torna o desenvolvimento de um algoritmo convencional para Go praticamente impossível.
Um humano consegue lidar melhor com os desafios de Go não só por se basear no raciocínio lógico, mas principalmente por utilizar intuição e criatividade. Essas habilidades só podem ser exploradas — ainda que de modo rudimentar — por um computador por meio de inteligência artificial.
Esse foi o papel do AlphaGo. As partidas realizadas por esta inteligência artificial começaram em 2015 e serviram para deixá-la mais aprimorada em cada disputa. Elas incluem vitória por 5 a 0 sobre o campeão europeu de Go Fan Hui e, posteriormente, sobre o coreano Lee Sedol, 18 vezes campeão mundial.
São grandes feitos. Em um passado não muito longínquo, era difícil para um computador vencer até jogadores medianos. Mas faltava o desafio dos desafios: superar o melhor do mundo em Go. O AlphaGo cumpriu essa missão ao derrotar Ke Jie por três vezes — a última disputa, vencida por 3 a 0, aconteceu no sábado (27).
Segundo Demis Hassabis, líder da Deepmind (divisão do Google responsável pelo projeto), a vitória sobre Ke Jie representa o maior êxito que o AlphaGo pode alcançar como um sistema competitivo. Eis a razão para uma aposentadoria tão precoce: não há mais o que superar.
Haverá um legado, no entanto. Hassabis afirma que a equipe responsável pelo AlphaGo se dedicará a partir de agora a algoritmos que ajudarão a ciência a resolver problemas complexos, como a cura de doenças e a redução drástica do consumo de energia.
Leia mais: Além do joguinho chinês: o que muda com o AlphaGo, máquina de IA do Google
Soa como um discurso clichê, mas faz sentido: se o AlphaGo conseguiu dominar as estratégias necessárias para vencer partidas de Go em menos tempo do que o imaginado, dá para esperar que um sistema de inteligência artificial dedicado consiga ao menos agilizar pesquisas que hoje tiram o sono de muitos cientistas.
Com informações: TechCrunch
Tecnocast 044 – The Next Big Thing
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