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Jovens do Recife criam app que dá apoio a vítimas de violência doméstica

 (Foto: Divulgação)

 

Criada em 2003 pela Microsoft, a Imagine Cup é uma disputa anual dedicada a projetos tecnológicos desenvolvidos por jovens do mundo todo. Na etapa brasileira da competição, apresentada em maio, em Fortaleza, o aplicativo Mete a Colher foi um dos 15 finalistas.

A proposta do app é conectar mulheres que sofrem violência doméstica com outras que podem fornecer algum tipo de ajuda. A interface oferece três opções para aquelas que se cadastrarem voluntariamente: apoio emocional, ajuda jurídica e oportunidades de trabalho — uma alternativa importante para quem depende financeiramente do parceiro.

“Nós atuamos nessas três categorias porque elas focam nos obstáculos que mais prendem mulheres em relações abusivas”, explicou Carolina Cani, designer e uma das integrantes do grupo. O aplicativo se concentra especialmente em aspectos como isolamento social e dependência financeira.

“Conversamos com vários especialistas até chegar nesse desenho final e dessa maneira ‘atacamos’ o medo do agressor, algo que impede muitas mulheres de denunciarem.”

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A plataforma digital foi desenvolvida por um time de quatro mulheres em Recife e funciona como uma rede de apoio contra relacionamentos abusivos e violência doméstica. A ideia nasceu em março de 2016, durante uma edição do Startup Weekend, evento de empreendedorismo digital.

O projeto começou através de uma página no Facebook, onde o Mete a Colher passou a escutar alguns relatos de vítimas. Formado por designers e programadoras, o grupo desenvolveu o aplicativo a partir de dezembro do ano passado.

“Quando começamos a olhar para o problema, visitamos delegacias da mulher e centros de apoio”, contou Cani. “Vimos que elas chegavam sozinhas e muitas vezes eram desacreditadas ao realizar a denúncia.”

Atualmente, o Mete a Colher funciona como uma rede colaborativa, na qual as vítimas podem trocar informações, pedir ajuda e receber suporte legal e psicológico das voluntárias. Também tem presença forte nas redes sociais, com mais de 80 mil seguidores, e faz parte do Porto Digital, que oferece mentoria para startups.

O app será acessível apenas a mulheres e as conversas trocadas pelas usuárias são criptografadas e deletadas após 24 horas, para garantir a privacidade. “E para acrescentar camadas de segurança a essas usuárias, que estão em situação de vulnerabilidade”, justificou Cani.

“Elas se cadastram com o perfil do Facebook, por onde é feita a filtragem para saber se a usuária é realmente uma mulher”, disse Lhaís Rodrigues, uma das desenvolvedoras. No menu, existem as opções “preciso de ajuda”, “quero ajudar” e a aba de serviços, que inclui as delegacias da mulher mais próximas.

Ao solicitar ajuda, elas podem enviar um pedido e anexar fotos que comprovem a agressão. “No ‘quero ajudar’, os pedidos que ainda não tiveram resposta ficam em destaque até serem atendidos por uma das voluntárias, através de um chat.”

O app passou por um financiamento coletivo e arrecadou R$ 47 mil em menos de dois meses. Mesmo não tendo vencido a Imagine Cup, o app será lançado para iOS e Android, no segundo semestre de 2017.

Os vencedores da competição foram os projetos Bubu Digital e UpFish. O primeiro foi criado por três estudantes da Paraíba, e consiste em uma chupeta capaz de monitorar a saúde dos bebês através de sensores de umidade e temperatura. 

A outra startup vencedora, a paulista UpFish, desenvolveu um sistema de monitoramento para o mercado de aquicultura: a tecnologia conta com softwares e sensores que acompanham, por exemplo, a qualidade da água.

*O repórter acompanhou o evento em Fortaleza a convite da Microsoft e do Governo do Estado do Ceará

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