Cientistas criam barulho inaudível que pode impedir grampos
Os microfones vêm de fábrica com um limite de frequência sonora que conseguem captar. A boa notícia é que, mesmo nos modelos mais comuns, esse valor é alto – ficando na casa dos 24 kHz. Como somos incapazes de ouvir frequências além de 20 kHz, dá e sobra. Isso nos permite gravar tudo que importa com um microfone simples.
Um trabalho desenvolvido na Universidade de Illinois, no entanto, encontrou uma forma de driblar o uso dessas ferramentas de gravação. O sistema desenvolvido pelos pesquisadores, chamado “BlackDoor”, transforma sons cotidianos, que poderiam ser gravados com gravadores comuns, em barulhos completamente inaudíveis para os humanos – mas ainda assim identificáveis por qualquer microfone.
“O segredo da técnica está em combinar vários tons que, ao interagirem com a mecânica do microfone, criam uma espécie de sombra sonora”, explica Nirupam Roy, um dos autores do estudo. A nova frequência criada, de 40 kHz, é transmitida por alto-falantes ultrassônicos – que entregam um “barulho branco” para os gravadores.
Os pesquisadores explicam que maquiar o som dessa forma pode ter várias aplicações práticas. Uma delas, por exemplo, seria impedir gravações indesejadas em concertos musicais ou salas de cinema. Assim, um espectador espertinho que tentasse registrar com o celular o que estava ouvindo para fazer uma cópia não autorizada, não conseguiria concluir a façanha.
O mesmo vale para conversas confidenciais. Se algum gravador espião tentasse registrar o papo privado, o registro seria atrapalhado por esse barulho de 40 kHz. Ao invés de aparecerem na forma original, as vozes ficariam gravadas como se fossem um barulho inaudível. Você pode ouvir um exemplo de “barulho branco”, que é como soaria uma gravação desse tipo, clicando neste link.
Tão interessante quanto impedir gravações piratas ou segredos de Estado de serem vazados é uma terceira aplicação tecnológica que os cientistas pretendem dar. Com a internet das coisas, estamos cada vez mais em contato com as máquinas por meio do som. Os comandos de voz que damos, e as respostas que recebemos dos eletrônicos, no entanto, muitas vezes estão carregadas de informações pessoais – que, no geral, é melhor que fiquem apenas entre nós e os robôs. Usando o “BlackDoor”, estaríamos completamente blindados dessa interferência de terceiros – pelo menos enquanto estamos trocando uma ideia com aquele site de compra ou com o GPS.
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