Google é acusado de roubar tecnologia por trás de internet via balões
Em 2013, o Google revelou ao mundo o Project Loon, que usa balões para oferecer internet em áreas remotas. Eles flutuam na estratosfera e usam a rede 4G de operadoras parceiras para levar sinal a locais com pouca infraestrutura de rede. Isto foi testado em vários países, incluindo o Brasil.
É uma ideia bastante promissora, mas que está no centro de uma disputa judicial. A empresa Space Data abriu a ação no ano passado; ela trabalha no ramo há um bom tempo, patenteou essa tecnologia há mais de uma década — e quase foi adquirida pelo Google.
O caso vem avançando. Segundo a Wired, uma das patentes essenciais do Project Loon não pertence mais à Alphabet, dona do Google. É a primeira vez que isso acontece com uma das 36 mil patentes da empresa.
O USPTO, órgão americano de propriedade intelectual, decidiu em junho que a ideia — mudar a direção de um balão ao ajustar sua altitude — foi registrada primeiro pela Space Data.
Ela também acusa o Google de violar outras duas patentes: uma delas envolve fornecer internet através de uma rede de balões (solicitada em 1999); a outra trata da recuperação desses balões (solicitada em 2001).
A empresa oferece soluções comerciais desde 2004, e atualmente tem dois produtos: o SkySat, usado pelo corpo de fuzileiros navais dos EUA, envolve balões que estendem o alcance de rádios das forças militares; e o SkySite oferece conectividade para áreas remotas, semelhante ao Loon.
A Space Data começou a experimentar um serviço de pagers via balões de grande altitude em 2000. Em 2002, ela fez testes com mensagens de texto; em 2006, foi a vez de telefonemas; e em 2012, dados 4G – um ano antes do lançamento do Project Loon. O Google provavelmente sabe disso, porque quase comprou a empresa.
Quase aquisição
Em 2007, a gigante das buscas participou de um leilão de frequências da FCC (equivalente americana à Anatel) para forçar a operadora Verizon a atingir um lance mínimo. Isso abriria as frequências para todos os usuários, incluindo o Google. Mas se eles ganhassem o leilão por acidente, teriam que oferecer cobertura celular para 40% dos americanos em quatro anos.
A Space Data aproveitou a oportunidade para vender seus produtos. O Google poderia usar balões, em vez de construir antenas, caso ganhasse o leilão. Pouco tempo depois, as negociações caminharam para uma aquisição.
As empresas assinaram um acordo de não-divulgação (NDA) para o Google analisar os segredos técnicos, comerciais e financeiros da startup. Em 2008, doze executivos — incluindo os cofundadores Sergey Brin e Larry Page — fizeram um tour pela sede da Space Data; isso até virou notícia no Wall Street Journal.
Mas, poucos dias depois, o Google decidiu interromper as negociações. “O principal motivo para se envolver com a Space Data… não existia mais, já que era evidente que a Verizon tinha oferecido um lance maior no leilão”, diz a Alphabet no processo judicial.
O Google não precisava mais da startup, mas se inspirou nos produtos que ela vende, o que foi um problema. Spencer Hosie, advogado da Space Data, diz à Wired: “o Loon começou a ganhar uma tração enorme em 2015. Ficou claro que ele iria falir nossa empresa a menos que fizéssemos algo a respeito… Ou sumíamos do mapa doando 10 anos de propriedade intelectual para o Google, ou lutávamos para proteger nossas invenções muito anteriores”.
Agora, a Space Data terá ao seu lado uma patente crucial; mas sabe que essa disputa pode ser difícil, especialmente contra uma empresa com bilhões de dólares em caixa. Em comunicado, a Alphabet diz: “nós não acreditamos que estas reivindicações tenham mérito, e vamos nos defender vigorosamente”.
O julgamento está agendado para 2019, a menos que as partes fechem um acordo extrajudicial.
Com informações: Wired.
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