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A tragédia de Mariana ainda não acabou

 (Foto: Ilustração: Brunna Mancuso)

 

As consequências ao meio ambiente causadas pelo rompimento da Barragem do Fundão, na cidade de Mariana (MG), ainda não chegaram ao fim. Para medir o impacto do crime ambiental, que ocorreu em novembro de 2015, o Instituto Chico Mendes (ICMBio) realiza um monitoramento supervisionado por cientistas. E as notícias não são nada animadoras: as unidades de conservação ambiental Comboios e Costa das Algas, bem como o Refúgio de Vida Silvestre de Santa Cruz, que ficam no Espírito Santo, foram afetados pelo mar de lama que percorreu a extensão do Rio Doce.

De acordo com Marcelo Marcelino, diretor de pesquisa do ICMBio, o monitoramento acontece desde 2016 a fim de reunir informações capazes de fundamentar uma ação ação judicial contra a Samarco, empresa responsável pela administração da barragem. O rompimento da construção, que acumulava resíduos da extração de minério de ferro, liberou 62 milhões de metros cúbicos de lama — o suficiente para encher 24 mil piscinas olímpicas. O monitoramento é realizado em parceria com a diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade (Dibio) e professores das universidades federais do Espírito Santo (Ufes) e de Rio Grande (Furg), além da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

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ARQUIPÉLAGO AMEAÇADO
Projeções feitas pelos pesquisadores indicam que o próximo alvo dos resquícios do mar de lama que invadiu o Rio Doce é o Arquipélago de Abrolhos, localizado no litoral da Bahia. Heitor Evangelista, geocientista e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), afirma que a situação é preocupante, já que o arquipélago abriga formações de corais que reúnem diferentes espécies de animais e plantas.

De acordo com o especialista, os compostos de ferro, zinco, cádmio, arsênio e outros metais pesados provenientes do Rio Doce já foram detectados no litoral da Bahia. “Quando os dejetos chegaram a Abrolhos ainda não havia nenhum material de pesquisa concreto”, ressalta. Para divulgar a extensão do impacto, o professor criou uma página no Facebook, a Abrolhos Sky Watch.

Com o auxílio de Evangelista, o ICMBio também analisará essa região a partir de agora. “As superfícies de corais são organismos extremamente sensíveis, que demoraram anos para se adaptar às condições de luminosidade e mineralogia daquele ambiente”, destaca o professor da Uerj.

*Com edição de Thiago Tanji

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