Astrônomos fazem melhor detecção de ondas gravitacionais até agora
Pela primeira vez na história, astrônomos anunciaram a detecção de ondas gravitacionais usando não apenas dois, mas três detectores — o que torna os dados muito mais precisos.
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As novas ondas gravitacionais foram formadas pela colisão de dois buracos negros localizados a 1,8 bilhão de anos-luz da Via-Láctea. Com cerca de 25 e 31 vezes a massa do Sol, ao se fundirem, os corpos formaram um novo buraco negro com cerca de 53 vezes a massa do nosso astro.
Dessa vez, além dos detectores do Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO, em inglês), que ficam nos estados americanos de Louisiania e Washington, os cientistas contaram com dados do detector italiano Virgo.
Até hoje, os cientistas haviam conseguido fazer três detecções de ondas gravitacionais. Todas vindas da fusão de buracos negros. Duas das detecções foram feitas através do LIGO; e uma, do Virgo.
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Einstein cada vez mais certo
As ondas gravitacionais foram previstas há cerca de um século, por Albert Einstein. De acordo com o físico, qualquer evento cósmico com força o suficiente para causar uma perturbação no espaço-tempo pode produzir ondulações gravitacionais que se propagam pelo espaço — como quando você joga uma pedrinha no lago.
A nova detecção marcou ainda a primeira vez que os astrônomos conseguiram medir a forma como as ondas distorcem o espaço-tempo. É como se, antes, só pudéssemos fazer observações através de imagens planas. Isso impedia os cientistas de confirmarem outra previsão de Einstein: o formato do caminho pelo qual as ondas viajam — que seriam através de duas polarizações.
Como os braços do Virgo estão em ângulos diferentes dos do Ligo, as informações combinadas são muito mais detalhadas. "Quando você vê coisas a partir de ângulos diferentes, é possível enxergar formas em 3D", explicou o cientista Andreas Freise, da Universidade de Birmingham, ao The Guardian.
Apesar de terem feito uma única detecção, os dados preliminares sugerem que as previsões que Einstein fez sobre como o espaço-tempo se espalha estão certas.
Brasil na descoberta
Dois grupos de pesquisadores brasileiros participam oficialmente da Colaboração Científica LIGO. Um deles é da Divisão de Astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos, em São Paulo, e conta com a participação de Prof. Dr. Odylio Denys Aguiar, Dr. César Augusto Costa, Dr. Márcio Constâncio Jr, Me. Elvis Camilo Ferreira, Allan Douglas dos Santos Silva e Marcos André Okada.
A equipe do INPE aperfeiçoa a instrumentação de isolamento vibracional e térmica do LIGO, na sua futura operação com espelho resfriados, cujo objetivo é aumentar a sensibilidade dos detectores a fim de observar mais fontes de ondas gravitacionais. O grupo também trabalha na caracterização dos detectores, tentando determinar as fontes de ruído e minimizando seus efeitos nos dados coletados, permitindo que os sinais das ondas fortes sejam mais fáceis de localizar.
O segundo grupo brasileiro é do Instituto Internacional de Física, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal, no Rio Grande do Norte. Liderados pelo Prof. Dr. Riccardo Sturani, os cientistas fazem a modelagem e a análise de dados na busca de sinais emitidos pelos sistemas de objetos astrofísicos em coalescência, dos tipos detectados pelo LIGO.
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