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Tudo o que está conectado com a internet pode ser hackeado

 

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Na semana em que a Coreia do Norte realizava testes com mísseis que teriam capacidade nuclear, o mundo foi surpreendido por um ataque muito mais devastador e plausível do que as bravatas do líder Kim Jong-un: no dia 12 de maio, o vírus WannaCry — QueroChorar, em tradução livre — foi capaz de afetar 99 países e sequestrar dados de diferentes empresas e órgãos públicos. A invasão ocorreu em virtude de uma falha no sistema operacional do Windows, que se tornou pública após vazamentos de informações sobre uma ferramenta sigilosa utilizada pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, a NSA.

No Brasil, o ataque afetou principalmente os órgãos públicos, como sites do Tribunal de Justiça e do Ministério Público de São Paulo. Para Vitor de Souza, vice-presidente global da FireEye, empresa especializada em cibersegurança, isso aconteceu porque o país não tem a cultura de se prevenir contra esses crimes. “Por conta da falta de dinheiro, é necessário decidir no que investir, e é compreensível que a verba seja destinada a causas que pareçam mais urgentes”, disse o executivo em evento da FireEye realizado na capital paulista em junho. Segundo dados da consultoria JeffreyGroup, o Brasil está na nona posição no ranking de número de ataques virtuais sofridos no mundo. Em relação à América Latina, é o país mais atingido pelos crimes.

A falta de planejamento para combater o problema só faz piorar esse quadro. De acordo com Leandro Roosevelt, diretor de vendas da FireEyes, o Brasil não possui legislação que facilite investigações a respeito de roubo de informações ou falhas existentes nos sistemas.

Bitcoin valorizado
Preço médio da moeda virtual nos últimos anos

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“Essa situação é boa para os grupos que executam ataques porque não há nenhum tipo de averiguação”, afirma. Sem um arcabouço legal capaz de combater a questão, os usuários também ficam sem saber a quem recorrer quando têm seus dados expostos em ataques praticados contra empresas. “Um hospital que tem as informações de seus pacientes roubadas, por exemplo, continuará operando normalmente, já que isso não o afetará em nada legalmente”, destaca Roosevelt.

A internet e as coisas

Tudo o que se conecta à rede pode ser hackeado. Isso significa que, além do computador e do smartphone, um brinquedo, a televisão e até o ar-condicionado da sua casa podem ser invadidos. Por enquanto, não há muito o que fazer para mudar esse cenário, já que isso depende da segurança fornecida pelo fabricante dos equipamentos conectados. No início deste ano, por exemplo, um ursinho de pelúcia da marca CloudPets, que transmitia mensagens de voz, foi invadido. O resultado? Mais de 2 milhões de mensagens das famílias vazaram.

Apesar de tudo isso parecer assustador, especialistas afirmam que o usuário comum não é o principal alvo dos hackers. Para Anderson Ramos, um dos mais prestigiados especialistas em segurança da informação do Brasil, os criminosos realizam invasões em objetos para alcançar um servidor maior ou acessar dados de uma grande empresa ou de um órgão de governo. Ele ressalta que bastam três medidas para a proteção do cidadão comum: manter os dispositivos atualizados, adquirir aplicativos em lojas oficiais e manter backups dos arquivos, caso haja “sequestro de informações” feito por criminosos.

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Resgate virtual

No caso do WannaCry, os hackers pediram US$ 300 em bitcoins para o resgate de cada computador invadido. O fato chamou a atenção por envolver a moeda cibernética, pouco conhecida pela maioria das pessoas. “O bitcoin criou uma tecnologia nova, que facilita a vida de todos, inclusive a dos criminosos”, explica Rodrigo Batista, CEO da Mercado Bitcoin. A principal vantagem da moeda virtual para a prática de crimes é que não há necessidade de fornecer nenhum tipo de informação pessoal para realizar as transações.

Isso não significa, porém, que é impossível identificar os suspeitos. “O bitcoin pode ser rastreado. O dinheiro do WannaCry, por exemplo, já está sendo movimentado, e isso pode ser visto por todos, já que as informações são públicas”, diz Batista. Apesar de a moeda ainda não ter decolado na economia real, pesquisadores afirmam que o bitcoin terá importante participação nas transações monetárias. “Ele é rápido, barato e nenhuma empresa tem de intermediar a transação, o que elimina taxas”, afirma o CEO.

No início de agosto, a moeda bateu recorde de valorização e  era vendida a R$ 11 mil a unidade. E como grandes fortunas motivam grandes crimes, o bitcoin já é usado para negócios escusos. Em julho, o russo Alexander Vinnik foi preso sob a acusação de lavar dinheiro utilizando a moeda virtual. Ele seria o operador de uma casa de câmbio que movimentou mais de US$ 4 bilhões em transações com bitcoin: a maior parte do dinheiro estaria ligada ao tráfico de drogas e a crimes virtuais. As falcatruas extrapolam o mundo real.

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