Voyager: tudo sobre a missão espacial mais longa de todos os tempos
Em 5 de setembro de 1977, a NASA lançava o objeto contruído pelo homem que atualmente está mais distante da Terra, a Voyager 1. Duas semanas antes, em 20 de agosto, sua “irmã gêmea” Voyager 2 já havia partido com a missão de descobrir os mistérios do Universo.
A data não foi escolhida por acaso: naquele período do verão norte-americano, os quatro planetas gasoso do Sistema Solar estavam alinhados — fato que só ocorre a cada 175 anos. Esse evento foi essencial para o sucesso da missão, já que permitiu que a sonda fosse impulsionada pelas gravidades dos planetas, encurtando (muito) seu tempo de viagem.
Disco de ouro
Enquanto estava sendo desenvolvida, os cientistas tiveram uma ideia: e se colocássemos um registro terrestre na nave? Dessa forma, se algum dia uma outra sociedade a encontrasse poderia ter uma ideia do que é nossa vida aqui na Terra.
O resultado foi a confecção de discos de cobre coberto de ouro. Cada um com 30 centímetros de diâmetro. Entre as informações carregadas por ele: 115 fotos, sons ambientes, 31 músicas e saudações em 55 línguas diferentes — incluindo uma saudação em português.
Os dados foram organizadas por uma equipe liderada por Carl Sagan. “O lançamento desta ‘garrafa’ no oceano cósmico representa algo muito esperançoso sobre a vida neste planeta”, afirmou o astrônomo, em um dos primeiros trabalhos que o tornaram conhecido do grande público.
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Conquistas e descobertas
O projeto Voyager 1 foi o que chegou mais longe da Terra, ultrapassando os recordistas anteriores Pioneer 10 e 11. Em 2004 chegou à “borda” do Sistema Solar e oito anos depois, em 2012, saiu definitivamente da área de influência do Sol.
Hoje, ela está a 20,8 bilhões de quilômetros de distância do astro rei, o equivalente a 140 unidades astronômicas (UA) — a UA é a unidade de medida usada dentro do Sistema Solar, 1 UA equivale à distância média entre o Sol e a Terra, ou seja, a Voyager 1 está 140 vezes mais distante do que a Terra está do Sol.
Já a Voyager 2 chegou bem mais rápido na fronteira do nosso sistema, em comparação com a sua irmã, provando aos cientistas que o Sistema Solar não é nada simétrico. Hoje ela está a 17,2 bilhões de quilômetros da Terra, ou a 115 UA.
As Voyager 1 e 2 exploraram todos os planetas gigantes do nosso sistema: Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, 48 das suas luas e os singulares sistemas de anéis e campos magnéticos que esses planetas possuem.
A missão foi a primeira a descobrir vulcões ativos dora da Terra e múltiplas luas dos quatro planetas explorados: três em Júpiter, quatro em Saturno, 11 em Urano e cinco em Netuno. Além de ter proporcionado a primeira detecção de raios em um planeta diferente da Terra (em Júpiter) e levantado a primeira hipótese de existência de oceano fora do planeta, sob a crosta gelada de Europa, lua de Júpiter.
Elas também obtiveram uma série de informações até então desconhecidas, como a medida de intensidade total de raios cósmicos, o campo magnético galáctico e a densidade, todos no meio interestelar. Também fizeram as primeiras medidas do choque de terminação do vento solar e imagens dos anéis de Júpiter, Urano e Netuno — pois é, apesar de ser o mais intenso e bonito, Saturno não é único.
O que está por vir
As expectativas da NASA são de que as baterias de plutônio das espaçonaves durem pelo menos mais 10 anos, que devem render muitos novos dados a serem estudados pelos cientistas.
A meta dos astrônomos é conseguir coletar mais dados sobre campo magnético, partículas carregadas de baixa energia, raio cósmico, plasma (somente a Voyager 2) e onda de plasma.
(*Com supervisão de Nathan Fernandes.)
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