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Cientistas chineses podem ter detectado partículas de matéria escura

 (Foto: China Academy of Sciences)

 

Cientistas chineses podem ter detectados partículas relacionadas à matéria escura — apesar de ainda não ser possível fazer uma observação. 

Como explicamos neste texto sobre a teoria da gravidade de Verlinde, para entender o que é a matéria escura, imagine uma cama elástica com bolinhas de gude espalhadas pela superfície.

Elas vão ficar paradas porque todas têm basicamente o mesmo peso. Agora, coloque uma bola de boliche no meio. Isso vai causar uma deformação no tecido, fazendo com que as bolinhas de gude “orbitem” a bola de boliche (que é maior e mais pesada). É exatamente assim que o Sistema Solar funciona, segundo a teoria proposta por Einstein, que é a mais aceita até hoje.

Quanto mais pesado o objeto, maior a distorção no tecido da cama elástica (ou do espaço-tempo) que ele causa — é por ser um “objeto” extremamente pesado, ou supermassivo, que o buraco negro atrai tudo para si, por exemplo.

O problema é que existem distorções no espaço-tempo que os cientistas não entendem. Eles conseguem detectá-las, conseguem ver que alguma coisa “puxa” outros corpos para si, mas são incapazes de explicar exatamente por quê. Para piorar, essas bolas de boliche invisíveis representam 27% do Universo.

A elas damos o nome de matéria escura, um conceito que foi verificado pelo astrônomo Fritz Zwicky na década de 1930 e confirmado pela astrônoma Vera Rubin nos anos 1970. Combina perfeitamente com a ideia de Einstein, no entanto, ninguém nunca conseguiu vê-la, apenas fazer observações indiretas. 

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Negócio da China
Para fazer a descoberta, os chineses usaram o Explorador de Partículas de Matéria Escura (DAMPE, na sigla em inglês), um satélite lançado em parceria com a Suíça e a Itália, em, 2015, que também é conhecido como Wukong, ou Rei Macaco. 

Sua função é encontrar sinais de decaimento de partículas massivas de interação fraca (WIMP), uma partícula hipotética que não interagiria com a matéria normal (tudo o que conseguimos observar) e que faria parte da formação da matéria escura. 

Para isso, ele observa a direção, a energia e a carga elétrica das partículas que compõem os raios cósmicos, principalmente elétrons e positrons (a antipartícula do elétron). 

Os resultados dos primeiros 530 dias de observação foram publicados agora na revista Nature. Para supresa de todos, os cientistas detectaram um "intervalo espectral" (uma diminuição) no número de elétrons e positrons nos raios cósmicos. E eles não sabem qual é a causa. 

"Pode ser uma evidência de matéria escura", afirmou à revista Science o astrofísico Chang Jin, coordenador do projeto. "Mas também pode ser alguma outra fonte de raios cósmicos."

Em um anúncio, o designer científico Fan Yizhong, do DAMPE, afirmou que ao juntar as informações da radiação cósmica de fundo em micro-ondas, as medidas de alta energia de raios gama e outros telescópios, o "DAMPE vai pode esclarecer a ligaçao entre essa anomalia de positrons e o decaimento das partículas de matéria escura. 

Apesar de o intervalo espectral já ter sido detectado antes, os cientistas acreditam que os novos resultados podem ajudar a nos trazer informações mais precisas sobre uma possível primeira detecção de matéria escura. 

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