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Tilápia transgênica produz hormônio humano – no xixi

Todo ano, o Brasil gasta R$ 125 milhões importando hormônio de crescimento (hGH), que é usado para tratar crianças com dificuldades de desenvolvimento. É que o processo de fabricação dele é muito complexo. Mas a bioquímica Fernanda Tonelli, da UFMG, teve uma ideia: colocar peixes para fazer o trabalho. Ela criou uma tilápia transgênica, que contém fragmentos de DNA humano e por isso é capaz de produzir nossos hormônios e liberá-los na urina. Fernanda ganhou o prêmio Para Mulheres na Ciência, concedido pela Unesco, por isso. A SUPER conversou com ela para entender a técnica.

Por que vocês escolheram a tilápia?
Porque ela é muito robusta, fácil de manter em laboratório, e seu DNA já é bem conhecido. E, como é um peixe de água doce, ela precisa lidar com o estresse osmótico [a água tem uma concentração de sais menor que o organismo do peixe, por isso a tendência é que ele absorva água por osmose]. A tilápia compensa isso urinando o tempo todo. E essa urina é muito diluída, fácil de filtrar.

Como vocês modificaram o código genético dela?
Nós fizemos dois cortes no DNA original, e inserimos um trecho que codifica (ativa) a produção de uma determinada proteína. A precisão é essencial: a região desse corte faz com que a substância seja excretada na urina do peixe. Assim, eu não preciso sacrificar o animal para extrair o produto, até porque isso aumentaria o custo do processo.

O peixe também pode ser usado para produzir outras substâncias?
Nós escolhemos o hGH (hormônio de crescimento) como protótipo por sua importância de mercado. Mas já temos projetos paralelos, para tentar produzir enzimas para a indústria têxtil, química e de alimentos – e, no futuro, também insulina ou a enzima lactase, usada para tratar intolerância à lactose.

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