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A morte de Haroldo Palo Jr. e a importância da fotografia da natureza

 (Foto: Reprodução/ Facebook)

 

No dia 25 de novembro, depois de um infarto agudo do miocárdio, a fotografia de natureza se despediu de um de seus grandes mestres: Haroldo Palo Jr., autor e editor (editora Vento Verde) de obras fundamentais como: O Guia de Identificação das Aves do Brasil, do ornitólogo Rolf Grantsau, considerado para muitos o mais importante guia de aves já publicado no país; o guia Borboletas do Brasil – Butterflies of Brazil, que contou com a colaboração de 80 fotógrafos da natureza, muitos deles amadores — e dos quais tenho orgulho e gratidão de fazer parte.

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Engenheiro eletrônico e de computação de formação, dedicou-se a partir de 1979 a registrar as belezas naturais do Brasil e do mundo, chegando a fazer oito expedições para a Antártida, e a chefiar, na década de 1980, uma equipe da expedição que o documentarista Jacques Coustea fez ao Brasil.

Exemplo de dedicação ao ofício, inspira fotógrafos de natureza de todos os tipos, como quando se empenhou, durante 11 anos, em registrar o pavãozinho-do-pará ou pavãozinho-do-pantanal, Eurypyga helias (Pallas, 1781).

Não tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, mas nos poucos contatos que mantivemos por email mostrou-se uma pessoa afável, extremamente dedicada e que acreditava na capacidade do outro em produzir e entregar o seu melhor.

Poucos dias antes de falecer, ele fez uma convocação geral nas redes sociais para um novo projeto, dessa vez sobre as mariposas do Brasil. Recebi uma mensagem dele dizendo que as fotos de mariposas que eu tinha mandado por engano junto com as de borboletas para o outro projeto já estavam guardadas e passariam por seleção em breve.

Senti alegria demasiada, a mesma alegria de quando soube que teria fotos publicadas da primeira vez. Infelizmente o tempo foi curto demais... Torço para que os herdeiros de sua linda obra sigam em frente com esse e outros projetos.

Somente com a ampla divulgação do trabalho de pessoas como Haroldo Palo Jr. é que a humanidade entenderá a importância de ações preservacionistas e que a contemplarão da natureza pode fazer parte do dia a dia, sendo atividade significativa de alívio da correria e do stress da vida moderna.

Haroldo Palo Jr. tem como importante legado, dentro da grandeza de sua obra, incutir nas
pessoas a visão de que o humano e o natural são partes de um todo que se complementam. Nas poucas vezes em que retrata o ser humano não o faz com o hiato entre ele e o meio que o circunda – o mantêm nativo, de forma genuína, mesmo quando em atentado flagrante contra a sua essência. Ao derrubar uma árvore o homem derruba a si mesmo.

Assim como fraseou Guimarães Rosa: “Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?”. Foi isso o que Haroldo transpôs para a arte da fotografia de natureza. 

Geraldo M. Pereira é fotógrafo amador da natureza, criador do site Curvelo Fauna e Flora e membro do Conselho de Leitores da revista GALILEU.

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 (Foto: #lutepelaciência)

 

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