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Exército dos EUA estuda tecnologia genética para exterminar espécies

Exemplar do mosquito 'Aedes aegypti' (Foto: Wikimedia Commons)

 

Depois de causar polêmica com um projeto para implantar inteligência artificial em cérebros humanos, outro projeto do exército dos Estados Unidos gera debate sobre suas consequências futuras. Por meio da agência DARPA (sigla em inglês para Agência de Projetos de Pesquisa de Defesa Avançada), o Exército norte-americano está investindo US$ 100 milhões em tecnologias de extinção genética, que poderiam acabar com toda a população de mosquitos da malária ou de ratos urbanos, por exemplo.

Para atingir o objetivo, seriam utilizadas técnicas de edição genética, como a Crispr-Cas9, em que ácido ribonucleico (RNA) sintético quebraria as cadeias de DNA para poder remover, alterar ou remover trechos ligados a determinadas características. Poderia, por exemplo, alterar o sexo de mosquitos, erradicando o Aedes Aegypti e, por consequência, a transmissão da dengue.

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Um diplomata das Nações Unidas disse ao jornal inglês The Guardian que o tema gera preocupação, e será um dos focos de atenção durante a Convenção das Nações Unidas de Diversidade Biológica, que acontece em dezembro no Canadá.

“Você pode remover vírus e toda população de mosquitos, mas pode causar um prejuízo ecológico das espécies que dependem deles”, disse uma fonte anônima. “Minha preocupação é que façamos algo irreversível ao meio ambiente, apesar das boas intenções, antes de entendermos completamente o modo como a tecnologia funcionará”.

A revelação do projeto não partiu da próprio DARPA. A história só veio a público graças ao pedido de informação, similar à Lei de Acesso à Informação brasileira, por parte de Jim Thomas, co-diretor do ETC group, uma organização que atua na sustentabilidade, conservação e  direitos humanos.

“O uso dúbio da alteração da natureza e erradicação de populações inteiras é uma ameaça à paz e segurança alimentar, assim como é para o ecossistema”, afirmou Thomas. “Militarização do financiamento de pesquisas sobre o gene pode até ser uma quebra da convenção da ONU contra o uso hostil de tecnologias de modificação ambiental”.

Um porta-voz do DARPA, porém, negou qualquer risco. As pesquisas estão sendo conduzidas somente para estarem preparados no caso de ataque inimigo. “Os baixos custos e grande disponibilidade indica que a aplicação do editor de genes, tanto negativa quanto positivamente, poderia vir de pessoas ou Estados que operam fora da comunidade científica tradicional e normas internacionais”, afirmou a agência em comunicado. “É incumbencia da DARPA fazer pesquisas e desenvolver tecnologias que possam proteger contra mau uso intencional ou acidental das tecnologias”.


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