Macacos são vistos transando com cervos no Japão
No começo, parece só uma cena de vida selvagem típica do Discovery Channel, dessas acompanhadas por um narrador de voz monótona: um macaco-japonês (Macaca fuscata) se aproxima de um cervo da espécie Cervus nippon. Um de cara vermelha, outro de corpo pintado. Um caso de amor improvável.
Até o momento em que eles põem de lado as convenções da natureza e… bem, ensaiam uma espécie de sexo, ainda que envergonhado. Não acredita? Veja o vídeo abaixo.
A cena foi registrada por biólogos e psicólogos de uma universidade canadense no norte da província de Osaka, no Japão. Nas interações filmadas acima (e também relatadas neste artigo científico), os macacos são todos fêmea, e os cervos, todos machos. A iniciativa é sempre símia – os cervos ficam parados, com cara de paisagem, enquanto as fêmeas primatas se esfregam nas suas costas.
Em outra ocasião, registrada em janeiro deste ano na ilha de Yakushima, sul do país, os sexos se inverteram: um macaco macho foi visto montado em uma fêmea de cervo. Moradores de várias partes do Japão relatam esse tipo de interação desde 2014.
Cachorros domésticos montam em objetos, bichos de pelúcia e até nos braços dos donos com frequência, e já se sabe faz tempo que animais de espécies geneticamente próximas – como cavalos e asnos – não fazem objeção a afogar o ganso, gerando inclusive crias úteis para a humanidade. Por outro lado, interações sexuais entre espécies radicalmente diferentes entre si são raras. Em 2014, um artigo científico registrou o abuso sistemático de pinguins por focas em uma ilha da Antártida. Até as interações verificadas recentemente no Japão, esse era o único caso registrado na história recente da biologia.
Segundo a National Geographic, a relação entre macacos e cervos japoneses sempre foi pacífica e vantajosa para ambos. Os cervos comem frutas que os macacos deixam cair da copa das árvores, e os macacos sobem nos cervos para alcançar lugares mais altos ou pegar uma carona. Talvez seja por isso que, nos vídeos, eles não reagem violentamente – nem se incomodam – com as tentativas de interação sexual. Alguns cervos, mais fleumáticos, continuaram comendo como se nada tivesse acontecido.
Para os pesquisadores, é provável que as 14 fêmeas de macaco observadas – que são, em sua maior parte, adolescentes – estejam simplesmente usando as costas dos cervos para se masturbar e descobrir a própria sexualidade. Alguns ruídos e vocalizações que normalmente são emitidos quando os macacos estão molhando o biscoito, além de mordidinhas amorosas, reforçam a suspeita de que as montarias registradas pelas câmeras não têm nada de inocente.
“Observações futuras no local vão revelar se essa anomalia sexual específica entre dois grupos foi uma moda passageira”, afirmou à imprensa a psicóloga Noëlle Gunst, líder do estudo. “Talvez seja o começo de um novo fenômeno cultural, que se manterá.”
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