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Não é só o seu cão: dinossauros já sofriam com carrapatos

Onde há sangue, há um carrapato tentando filar boia. E aí não importa se o sangue é quente ou frio – ao longo da história, até os dinossauros estiveram no cardápio desse incômodo artrópode, que sobreviveu ao meteoro para azucrinar a nossa era.

Em um artigo científico publicado hoje (12) na Nature, pesquisadores espanhóis e americanos analisam um pedaço de âmbar que sobreviveu aos últimos 99 milhões de anos com dois itens curiosos em seu interior: penas de dinossauro e um carrapato de um milímetro de tamanho. A descoberta é importante para a história dos dois animais. Por um lado, é mais uma prova palpável de que pelo menos alguns dinossauros tiveram penas, e não escamas – uma afirmação ousada que ganha cada vez mais o coração de paleontólogos e leigos. Por outro, é a evidência mais antiga da existência de carrapatos já encontrada. Agora, temos certeza de que eles foram contemporâneos dos gigantes pré-históricos.

O fragmento de âmbar pertencia a uma coleção particular coletada no norte de Myanmar. E não é a primeira vez que o país asiático surpreende cientistas. Em 2016, um fóssil de rabo de dinossauro intacto (também com penas) estava prestes a ser vendido em uma feira como peça de decoração, mas foi salvo por geólogos chineses – a história saiu na SUPER.

É bom notar que a pena tem apenas meio centímetro de comprimento – não pertencia aos dinossauros de grande porte que povoam o imaginário infantil, mas a um animal mais próximo dos pássaros atuais, tanto em tamanho como em aparência. Esses dinos pocket, possivelmente os ancestrais de nossos beija-flores e rouxinóis, viviam em ninhos e cuidavam de seus ovos. O dono da pena em questão surgiu 25 milhões de anos antes dos primeiros pássaros.

O âmbar, antes de se solidificar e assumir a forma que conhecemos em Jurassic Park, é uma resina de textura viscosa, secretada pelas árvores. É provável que tanto o carrapato quanto as penas tenham sido levados pela substância quando ela escorreu e atingiu um ninho. Depois, foram fossilizados lá dentro, onde ficaram preservados para sempre. “Esses nanoraptors [trocadilho com velociraptor] estavam vivendo nas árvores e acabaram caindo em bolhas de resina”, explicou ao New York Times David Grimaldi, pesquisador do Museu de História Natural dos EUA. “Os carrapatos também ficaram presos. Nós estamos olhando para um microcosmo do que foi a vida no norte de Myanmar há 100 milhões de anos.”

Outras peças de âmbar resgatadas no mesmo “lote” também continham carrapatos isolados, sem penas acompanhantes. Um deles é gordinho: ingeriu oito vezes o tamanho do próprio corpo em sangue – e morreu assim, de barriga cheia, nadando em um tsunami de resina vegetal. Mas os responsáveis já garantiram: não, não dá para pegar o DNA no sangue e reconstruir o dinossauro-rouxinol. Pode tirar o cavalinho da chuva.

 

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