O governo deveria banir o uso de celulares nas escolas?
Você sabe que o smartphone pode se tornar uma fonte interminável de distrações, por causa das redes sociais, jogos e notificações constantes. Se até os adultos têm problemas em manter a concentração, imagine as crianças e adolescentes.
Talvez seja muito pedir que os jovens sejam responsáveis com o aparelho — mantendo-o guardado durante a aula, por exemplo. Por isso, o governo da França propôs uma solução radical: banir o uso de celulares nas escolas, inclusive nos intervalos.
Jean-Michel Blanquer, ministro da Educação francês, anunciou que os celulares serão banidos das escolas de ensino fundamental e médio, afetando jovens de até 15 anos de idade. Isso valerá a partir de setembro de 2018. Esta é uma promessa de campanha do presidente Emmanuel Macron.
Blanquer diz que isso se trata de uma questão de saúde pública: “hoje em dia, as crianças não brincam mais no intervalo das aulas, estão todas na frente de seus smartphones e, do ponto de vista educacional, isso é um problema”.
De acordo com um estudo da London School of Economics, publicado em 2015, as escolas que proibiram o celular tiveram melhora de 6,4% nos resultados dos exames para seus alunos de 16 anos de idade. Isso equivale a adicionar cinco dias ao ano letivo.
A França proibiu o uso de celulares na sala de aula em 2010. Os alunos precisam manter o aparelho na mochila — mas, aparentemente, eles nem sempre respeitam a regra.
E o smartphone é cada vez mais onipresente entre jovens. Mais de 80% dos adolescentes na França tinham um celular em 2015, contra 20% em 2011. Muitos estudantes ganham o aparelho aos 9 anos, quando começam a ir à escola sozinhos.
Mas como as escolas vão, na prática, banir o smartphone? Blanquer diz: “no Conselho de Ministros, colocamos nossos celulares em armários antes de uma reunião. Parece-me que isso é viável para qualquer grupo humano, incluindo uma classe”.
A PEEP, uma associação de pais francesa, discorda. Ela classifica a proibição como “um horrível problema logístico”, dizendo: “vamos imaginar uma escola com 500 alunos: onde vamos armazenar os celulares, e como vamos garantir que cada aluno encontre seu aparelho no final do curso?”.
A cidade de Nova York proibiu celulares nas salas de aula entre 2006 e 2015. Nesse período, surgiram empresas que guardavam o aparelho para estudantes, cobrando cerca de US$ 1 por dia. Talvez o mesmo ocorra na França?
Nova York desistiu de banir celulares após reclamações dos pais, que não conseguiam entrar em contato com os filhos; e porque a regra era aplicada de forma mais rígida em escolas mais pobres, equipadas com detectores de metal. Agora, os alunos podem levar smartphones, mas não podem usá-los durante a aula.
No Brasil, diversos estados proíbem o uso do celular em sala de aula, incluindo Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Uma lei proibia o uso de celulares em escolas estaduais de São Paulo desde 2007. Este ano, ela foi modificada: alunos do ensino fundamental e médio agora podem usar o smartphone durante a aula, para atividades pedagógicas e orientadas pelo professor. Isso inclui um projeto, em fase de testes, para distribuir livros de matemática em formato digital.
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