Os 9 deuses mais importantes da mitologia nórdica
Na fé viking, não havia livros sagrados, dogmas ou sacerdotes. Nem por isso eles davam menos importância aos rituais de devoção aos seus deuses, que ocorriam em qualquer lugar e incluíam até sacrifícios humanos. Os detalhes dessa religião só chegaram até nós por causa de dois livros do século 13, Edda Poética, de autoria desconhecida, e Edda em Prosa, do historiador islandês Snorri Sturluson.
Entre os deuses, havia dois grupos principais: aesir e vanir. O clã dos aesir, chefiado por Odin, era de guerreiros natos que habitavam Asgard, um dos nove mundos mitológicos. Volta e meia, entravam em conflito com o outro grupo. Associados à natureza e à feitiçaria, os vanir viviam em Vanheim e não eram dados à guerra. Para garantir a paz, alguns vanir viraram reféns dos deuses guerreiros. As divindades nórdicas se apaixonavam, casavam, traíam e se separavam, sem maiores traumas. Além disso, eram mortais. Havia deuses sem pai conhecido, ou com nove mães, outros cegos, sem olho, braço, rosto desfigurado e com um enorme pênis, objeto também de culto.
E havia outros personagens mais mundanos, mas que ajudavam no enredo mitológico. Anões e duendes eram exímios ferreiros e artesãos. Os elfos eram criaturas iluminadas, que gozavam de uma vida boa e sem maiores preocupações. As valquírias, as servas de Odin, levavam os mortos em combate ao panteão dos heróis, Valhalla. O grupo dos gigantes ameaçava os deuses, e era aguardada uma batalha final entre eles no Ragnarök, o apocalipse que colocaria fim a tudo (até surgir um novo mundo).
1. Thor – O guerreiro do martelo mágico
Um dos deuses mais poderosos e amados pelos vikings, Thor era sempre chamado por seu pai, Odin, a defender as divindades da ameaça dos gigantes ou ir enfrentá-los em Jotunheim, a terra dos grandões, nas narrativas mitológicas. Com a intervenção de Thor, as forças do mal não conseguiam prevalecer, e o fim do mundo era adiado. Mas a principal inimiga de Thor era mesmo a serpente Jormungand, filha de Loki. Eles entraram em embate pelo menos três vezes, e a última seria no Ragnarök, o crespúsculo dos deuses no qual o mundo acaba – não fique triste, na mitologia viking o final é o começo de algo novo. Em um dos duelos, Thor ¿pescou¿ a serpente lançando uma cabeça de boi como isca. Jormungand engoliu a isca e Thor puxou o anzol com força. Ficaram em um cabo de força até que os pés de Thor quebraram o casco da embarcação onde ele estava, e o herói dos deuses viking foi parar no fundo do mar. O gigante Hymir, que estava próximo, ficou com tanto medo de Jormungand, que aquela hora se contorcia no mar, provocando inundações e cuspindo veneno, que decidiu ajudar a divindade. Cortou a linha que mantinha Thor preso ao anzol, e o deus dos trovões conseguiu lançar seu martelo sobre a terrível serpente, que voltou para o fundo do oceano. Mjölnir era terrivelmente pesado – só Thor conseguia empunhá-lo. Mas o martelo se tornou um símbolo da força e era usado como um amuleto pelos guerreiros vikings.
2 . Odin – o maioral
Odin era considerado pelos vikings o criador do Universo e era o chefe do clã dos deuses guerreiros, os aesir. Mas ele reunia também superpoderes, como a vidência, associados ao outro grupo dos deuses, os vanir. Odin teria dado um de seus olhos em troca do poder de enxergar o passado, prever o futuro e alterar o destino dos homens. Era considerado o criador das runas, alfabeto usado na Escandinávia com poderes mágicos, e o maior mestre em feitiçaria, conhecida como seyd.
Os vikings pediam a Odin qualquer coisa: ajuda nos partos, um marido ou uma esposa, força nas batalhas, menos frio, mais chuva. Mas ele não era tão bonzinho assim – uma das características dos deuses vikings era sua ambivalência ou sua profunda humanidade, o que pode parecer estranho sob um olhar cristão. O nome Odin significava ¿o furioso¿, e um dos papéis do chefe dos deuses era recepcionar os combatentes mortos em Valhalla, o lar pós-morte dos heróis. Andava em um corcel de oito patas, Gungir, tinha dois lobos como mascotes, Geri e Freki, e recebia informações de Midgard, a terra dos homens, pelos corvos Huginn (que significa pensamento) e Muninn (memória), que sobrevoavam os campos nórdicos. Seu primogênito Thor se tornou o segundo deus mais conhecido do clã aesir. Mas Odin teve outros três rebentos: Balder, Hermond e Hoder.
3. Frigg – Mãe apaixonada
Frigg mantinha uma relação aberta com Odin: viviam em casas separadas. Ela também dava suas puladas de cerca até com seus cunhados, Vile e Ve, o que não a impediu de ser reconhecida como a protetora das mulheres e dos casamentos. Com Odin, a deusa do amor teve três filhos: Balder, Hermod e Hoder, o deus cego. Como era uma mãezona, sobrava amor para cuidar dos seus muitos enteados, como Thor, Tyr, Bragi, Vali e Vidar.
4. Sif – A bela dourada
Mulher de Thor, Sif tinha longos cabelos loiros e era associada aos campos de trigo e à família. Era mãe de Thrud, filho de Thor, e de Ullr, cujo pai era desconhecido. Uma vez, entediado por causa de uma insônia, Loki foi procurar Thor no castelo Bilskirnir. Thor não estava, mas Loki encontrou a linda Sif dormindo. Só para implicar, cortou suas longas melenas e a deixou praticamente careca. Descoberto, Loki teve que encomendar novas madeixas do mais puro ouro aos duendes, exímios artesãos.
5. Balder – O bem-amado
Irmão de Thor e filho de Odin e Frigg, Balder era o mais puro e belo dos deuses. Ele amava tudo e todos, e era amado por todos, exceto por Loki, que tinha inveja da sua queridice. Balder acabou morrendo: Loki criou um concurso de arremessos contra o belo. Todos erravam o alvo de propósito, mas Loki ludibriou Hoder, o irmão cego de Balder, para lançar uma flecha direto ao coração do irmão. O assassinato de um deus por outro era um delito grave, e Midgard mergulhou no caos.
6. Loki, – O deus-problema
Loki era filho de gigantes, mas impressionou os deuses por suas boas maneiras, incluindo Odin, que se tornou seu irmão em um ritual no qual ambos se cortaram e misturaram seus sangues (os vikings acreditavam que esse ato criava laços ainda mais fortes que os de irmãos de nascença). Loki ganhou prestígio no panteão dos deuses, mas nem por isso parou de arrumar problemas. Ele era do mal. Em outra ocasião, depois do assassinato da gigante Angerboda, Loki comeu seu coração. Foi então que o mal aflorou com mais força dentro dele. Ele se refugiou em uma floresta e lá deu à luz três monstros: o lobo Fenrir, a serpente Jormungand e Hel, a deusa da morte. Jormungand espalhava destruição por onde andava. Odin lançou a serpente no mar e a almadiçoou a passar a eternidade comendo o próprio rabo – seu corpo dava a volta na Terra e ela comia sua cauda pensando ser a de outro animal. Loki também ludibriou a deusa Idun, que fornecia maçãs da juventude aos deuses, a sair de Asgard. Assim que deixaram a terra dos deuses, Idun foi levada por Tjatsi à terra dos gigantes. Odin ficou furioso e fez Loki prometer que traria Idun de volta. Loki cumpriu a promessa, mas isso provocou a morte do gigante Tjatsi. A filha do gigante, Skadi, bateu nos portões de Asgard para vingar o pai. Para acalmar a ira de Skadi, os deuses deixaram que ela escolhesse, como recompensa, um deus com quem casar. Ela se casou com Njord, o deus dos mares. Mas o casal não foi feliz – ela queria viver nas montanhas, e ele, no oceano. Sem dramas, se separaram.
7. Freya – Deusa sexy
Freyja era uma feiticeira muito sensual. Sua fama era de ser a garota de programa dos deuses, uma Afrodite nórdica. Ela andava com uma carruagem puxada por gatos brancos, usava um casaco de pele de gavião, que a fazia voar em busca de prazer, e ostentava um belo colar chamado Brisingamen. Era a mãe das valquírias, servas de Odin incumbidas de buscar os guerreiros mortos.
8. Frey – O bem-dotado
Irmão gêmeo de Freyja, Frey era associado à fertilidade e à agricultura. Por isso, a representação de seu, digamos, instrumento era tão avantajada que escandalizou os cristãos recém-chegados à Escandinávia. Frey se apaixonou pela giganta Gerd e decidiu dar sua espada aos gigantes em troca da mão da amada, que aceitou o pedido. Odin ficou furioso. Foi o estopim da primeira guerra do mundo.
9. Hel – A face da morte
Filha de Loki e da gigante Angerboda, Hel tinha metade do rosto normal e metade decomposto, como um cadáver. Era a guardiã do Hel, o mundo dos mortos. Ela abrigava tanto deuses quanto gigantes, mas só quem morria fora de combate ia para lá – quem tombava em batalha ia para Valhalla, o lar dos heróis. Para os vikings, morrer de doença ou de velhice era uma desonra terrível, com uma recompensa ainda pior: dar de cara com Hel.
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