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Taças de vinho ficaram 6 vezes maiores nos últimos 300 anos

As mágoas ficaram mais resistentes nos últimos 300 anos. Ao menos se o critério for a quantidade de álcool necessário para afogá-las. Um estudo engraçadinho publicado no especial de Natal da editora de artigos científicos BMJ revelou que o tamanho médio das taças de vinho usadas na Inglaterra aumentou seis vezes entre 1700 e 2017.

Quando taças de diferentes épocas são colocadas em um gráfico (decorado especialmente para as festas de fim de ano), o pico mais notável aparece justamente a partir de 1950. Da 2º Guerra para cá, as taças foram de 180 ml para estonteantes 450 ml. Para fins de comparação, por volta de 1700, as taças de vinho eram basicamente um copinho de shot: 70 ml. Um século depois, em 1800, haviam crescido bem pouco: alcançaram meros 100 ml.

O estudo usou informações de cinco fontes diferentes: acervos de vários museus, a coleção de taças da família real, fichas técnicas de fabricantes, informações fornecidas por lojas de departamentos e até taças vendidas no eBay.

É claro que algumas variáveis são difíceis de se levar em consideração: taças menores, mais antigas, podem estar sendo usadas até hoje pelas famílias que as herdaram. E não é porque taças maiores estão sendo vendidas que elas necessariamente estão sendo compradas. Além disso, os pesquisadores – todos da Universidade de Cambridge – só levaram a Inglaterra em consideração. Universidades brasileiras, fica a dica: estamos no aguardo para saber se o caneco nacional também inflou notavelmente de 1500 até agora.

Um número, porém, depõe a favor dos gráficos de crescimento: o consumo de álcool no país também aumentou em um ritmo parecido nas últimas décadas. Em 1950, os britânicos consumiam cerca de 4 litros de álcool puro ao longo do ano – o equivalente a 33 litros de um vinho com 12% de teor alcoólico. Hoje, são 9 litros – mais que o dobro. Esse é o maior pico de consumo desde 1900, quando o consumo anual de álcool puro per capita chegava a 11 litros (veja com seus próprios olhos).

O avanço tecnológico também pode ter uma pontinha de culpa no cartório: o vidro, hoje, é mais barato e mais fácil de moldar, o que permitiu criar taças bem mais gordinhas que as do passado sem encarecer demais o processo.

É claro que (quase) ninguém enche uma taça de 450 ml até a boca – isso é mais de uma lata de refrigerante numa tacada só. Acontece que taças maiores têm o mesmo efeito psicológico dos pratos gigantes de restaurantes por quilo: fazem o conteúdo parecer menor em relação ao recipiente. O que te faz, é claro, colocar mais conteúdo lá dentro.

E aí é aquela coisa: quanto mais vinho você põe para dentro, mais vinho você quer pôr.

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