O seu cérebro te engana com recordações falsas
Talvez você acredite que todas as suas memórias sejam verdadeiras. Afinal, como esquecer do gosto do primeiro beijo ou da sensação de andar de bicicleta pela primeira vez? Há algum tempo, no entanto, os psicólogos sabem que a recordação desses detalhes não significa necessariamente que eles aconteceram de verdade.
Natália Aggio, pesquisadora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), estuda as influências que as ações externas exercem nas lembranças de cada pessoa. “Sabemos, por exemplo, que o modo como você pergunta algo pode induzir a falsas memórias. Uma das áreas em que isso ocorre é o meio jurídico”, afirma.
Para exemplificar a questão, a cientista cita um experimento realizado em 1974 pela pesquisadora norte-americana Elizabeth Loftus. No estudo, participantes assistiam a uma perseguição policial e eram questionados sobre detalhes específicos da cena. Em algumas perguntas, os pesquisadores incluíam aspectos falsos no cenário. Pouco tempo depois, os voluntários eram convidados a descrever a perseguição novamente — a grande maioria mencionava os detalhes inventados sem perceber a falha.
“É importante notar que a falsa memória não é uma mentira. A pessoa realmente acredita que aquilo aconteceu”, esclarece Aggio. Ela chama a atenção também para o fato de que as alterações geralmente possuem uma relação com o que ocorreu de verdade. “Posso lembrar que um gato entrou na sala quando, na verdade, foi um cachorro, por exemplo”, diz. “Mas os dois são animais de estimação. Não poderia ser um dinossauro.” A mentira é grande, mas nem tanto.
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