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“Qualidade e segurança dos pacientes, isso é possível de resolver”

Novidades tecnológicas permitem inovações na medicina (Foto: Pixabay/doctor-a)

Cecília Silva, doutora em química pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisadora da MackGraphe, e Jac Fressato, fundador da Laura Networks, conversaram sobre as novidades tecnológicas na área da saúde com a editora-chefe da GALILEU, Cristine Kist no Wired Festival Brasil 2017. Os dois falaram sobre seu papel como líderes na inovação médica, segmento ainda em crescimento no Brasil.

“Nosso intuito é que paciente e médico tenham acesso fácil aos dados de exame, para que, dessa forma, um diagnóstico mais rápido e preciso seja feito”, afirma Silva ao explicar o objetivo do biosensor a base de grafeno que está ajudando a desenvolver. O aparelho portátil é capaz de detectar a concentração da proteína her2 no sangue de uma mulher e dizer rapidamente se um nódulo de câncer de mama está em desenvolvimento em seu corpo.

“Quando você realiza um exame de toque, você só detecta algo se já estiver ali. E temos a mamografia, mas ela não é acessível a todo mundo, já que só mulheres acima dos 40 anos têm o direito de fazê-lo sem a comprovação de necessidade pelo médico”, explicou ela. “O diagnóstico por meio do biosensor seria a melhor alternativa a isso”.

SONHO DE LAURA
Jac Fressato também procura ajudar a tornar mais rápidos os diagnósticos produzidos nos hospitais. Seu foco é um problema pouco conhecido pelo público, mas que figura como a principal causa de morte de pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) dos hospitais, a sepse.

Inflamação generalizada que ocorre em resposta a alguma infecção no corpo, a sapse é causada por bactérias na maior parte das vezes.Bebês prematuros, gestantes, idosos com mais de 65 anos ou qualquer pessoa que esteja com o sistema imunológico debilitado estão mais suscetíveis ao problema e para evitá-lo é preciso um diagnóstico e ação rápidos.

Ao ver sua filha recém nascida, Laura, falecer devido à doença, há sete anos atrás, Fressato dedicou-se a encontrar uma forma de prevenir o surgimento de sepse.  “O que eu mais aprendi é que humanos erram e, tudo bem, fomos feitos para errar. Humanos sabem resolver problemas humanos, mas a morte não é um problema humano. Agora, qualidade e segurança dos pacientes, isso é possível tentarmos resolver”.

Por isso, Fressato ajudou a criar o robô Laura. “É o primeiro robô cognitivo gerenciador de riscos do mundo. Ele trabalha com a base de dados do hospital e aprende com eles.” Assim, baseando-se nas medidas dos pacientes, ela consegue determinar o risco deles desenvolverem ou não a sepse e mandam uma alarme aos médicos e enfermeiros do estabelecimento.

O robô já foi responsável por salvar a vida de um paciente internado em um centro cirúrgico. Fato que, segundo Fressato, é inédito na história da humanidade. Ele contou que, devido ao alarme dado por Laura, a enfermeira foi capaz de agir rápido e receber o paciente com os medicamentos necessários assim que ele chegou na UTI. “Se não fosse ela, a enfermeira só teria checado na sua ronda”, explica ele.

O grupo criador do robô abriu um crowdfunding recentemente para implementar o robô em até cinco mil hospitais no país. A arrecadação, porém, não teve os resultados esperados. Eles só conseguiram o suficiente para colocá-la em um centro médico. Fressato afirma que um novo projeto de financiamento coletivo já está programado para ocorrer em breve. Aqueles que quiserem apoiar e conhecer mais sobre o robô Laura, podem acessar o site Sonho de Laura.

​Quando questionados sobre como analisaram seus projetos daqui 30 anos, os dois tiveram respostas distintas. “Acredito que caminhamos para um avanço na tecnologia de dispositivos  de monitoramento físico, como medidores de pressão, temperatura, e de implantes capazes de liberar medicamentos de forma controlada”, explicou Silva.

“O que eu quero mesmo é que a Laura já esteja obsoleta. Que o atendimento seja absoluto e rápido”, disse Fressato. Para ele, o ideal é que a tecnologia disponível no futuro seja capaz de resolver  outras necessidades e supere de maneira exponencial os recursos que temos hoje.

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