Nós não somos frutos de acaso nenhum
Meus olhos parecem ainda não ter se recuperado do impacto de te ter aqui da última vez. Se fecham de segundo em segundo tentando te encontrar pela casa entre um piscar e outro, sabendo que a realidade é que apenas a saudade está onde você deixou teu cheiro.
Tuas impressões digitais se espalham pelo meu corpo e eu sou a prova do crime que é se entregar com hora marcada para acabar. A rotina, o trabalho, o dever. Tudo chama e a separação é inevitável, mas, se pudéssemos, passaríamos mais que esses dois poucos dias do fim da semana agarrados.
Parece que você é a minha extensão. E eu a tua.
O prazer que começa num e termina no outro, volta como um ciclo sem fim enquanto a gente se beija, se abraça e se ama. Quando não é o coração que dispara, nos nossos momentos mais quentes, é a sintonia entre os gestos que me faz enxergar a falta de coincidência. Nós não somos frutos de acaso nenhum.
E acho que depois de ter você aprendi a olhar com muito mais carinho para todas as minhas cicatrizes. Os cortes e feridas, tão comuns aos que se entregam por inteiro, serviram como mapa na alma para que, quando você me chegasse, eu soubesse. E pudesse ser o que você merecia.
Só não lembrava desse ônus: a falta sem fim.
Já planejo, então, o próximo encontro como quem mede o tempo não por qualquer unidade contida na volta de um relógio, mas pela contagem dos beijos que venho guardando pra te dar. E se meus olhos ainda te buscam pela casa depois de tudo que vivemos, é fruto de um desejo que não para de crescer.
De um amor que já criou raiz, e que não cansa de florescer.
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