Os melhores estrategistas de 'GoT', de acordo com a ciência política
Com o fim da 7ª temporada de 'Game of Thrones', o repórter de política Zack Beauchamp, do site Vox, decidiu avaliar as estratégias tomadas pelos personagens, baseando-se em conceitos da ciência política.
A análise diz respeito à 7ª temporada, e o texto abaixo é cheio de spoilers. Caso você ainda não tenha assistido todos os capítulos, recomendamos voltar mais tarde.
Veja o ranking do pior para o melhor estrategista:
Daenerys Targaryen
Nossa Khaleesi começou a temporada com um exército muito poderoso, bons alidados e três dragões. Segundo Beauchamp, ela fica no último lugar do ranking devido às suas ações de caráter revisionista, que a fizeram perder poder ao longo dos episódios.
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Um estudo realizado na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, mostrou que o revisionismo falha constantemente pelas grandes promessas de um novo mundo. Como resultado, os governantes constróem estratégias focadas em seus compromissos, mas acabam tendo aborgadens perigosas e que parecem apeladoras.
"Esse é exatamente o problema que afetou Daenerys. Depois de perder seus principais aliados, ela ficou obcecada em ganhar a lealdade de Jon Snow", afirmou Beauchamp. "Ela colocou seus dragões em risco, enviando-os para salvar Jon. E entregou uma arma de destruição que pode extinguir a vida humana."
Petyr Baelish, o Mindinho
Desde a primeira temporada, Mindinho manipula as pessoas ao seu redor. Para Beauchamp, Petyr Baelish sempre deu mais importância ao poder das forças que você comanda. Contudo, Westeros é uma sociedade definida não apenas pela autoridade política, mas também pela ética e regras de etiqueta.
Há uma escola construtivista nas relações internacionais que explica a importância dessas ideias. "A primeira das regras em Westeros é a lealdade à família. Mindinho não entende essa crença, e acreditava que poderia contornar Sansa Stark", escreveu o repórter. "Ao superestimar o poder do medo e da cobiça, e subestimar as regras morais de Westeros, ele selou seu destino" — ser morto por Arya Stark.
Tyrion Lannister
Além de buscar métodos para impedir as ações da irmã, Cersei Lannister, Tyrion tinha que manter sua posição como Mão da Rainha. Apesar de ter acabado a 7ª temporada no cargo, ele perdeu um pouco de sua credibilidade ao aconselhar Daenerys a não usar seus dragões para deter os inimigos.
No Livro 'The Essence of Decision' (A essência da decisão, sem edição no Brasil), Graham Allison, professor de Ciências Políticas de Harvard, afirma que quando autoridades tomam uma decisão, eles preferem que seus conselheiros deem aprovação e não um conselho.
"Conselheiros devem ajudar a moldar a decisão em vez de desafiar seu líder", relatou Beauchamp. "Tyrion não fez um bom trabalho ao analisar as opiniões de Daenerys e maximizar sua influência sobre ela".
Arya Stark
Com a tática 'simples' de matar todos os inimigos da família, Arya teve mais sucesso do que falhas em seus objetivos: além de Mindinho, ela assassinou Walder Frey e seus herdeiros.
A professora Jenna Jordan, do Instituto de Tecnologia de Georgia, afirma que, quando o inimigo possui uma liderança carismática, ele é apoiado por outras autoridades poderosas. Condição que se aplica à Petyr Baelish e Walder Frey.
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"Matar toda linha sucessória de homens [Frey] acabou com uma ameça", escreveu o repórter. "Ao eliminar Mindinho, não sobra nenhuma organização que poderá prejudicar Arya. Ela escolheu bem seus alvos e matou as pessoas certas."
Sansa Stark
Uma das personagens com mais responsabilidade na 7ª temporada, Sansa conseguiu conquistar a lealdade dos povos do Norte ao se organizar para enfrentar o longo Inverno. O que é um feito interessante, visto que ela é uma jovem mulher vivendo em uma sociedade patriarcal.
Mas, segundo Beauchamp, foi justamente isso que a fez ter sucesso. "Sansa entendeu o sistema de gênero, e como isso molda as expectativas de todos", afirmou. "Ela jogou com Mindinho, fazendo ele acreditar que ela consideraria se aliar à ele. Ela se mostrou ser a mais efetiva manipuladora."
Jon Snow
De acordo com o repórter, a melhor maneira de pensar em Jon Snow é com o 'filtro' da diplomacia ambiental. O rapaz precisa convencer toda Westeros que uma ameça maior está vindo, e que quem estará no Trono de Ferro é o menos importante.
Robert Falkner, da London School of Economics, afirmou que acordos climáticos só têm sucesso quando os estadunidenses resolvem participar, porque o país controla muitos recursos naturais do mundo e é muito poderoso.
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Na série, Daenerys seria equivalente aos Estados Unidos, e Jon a convenceu a lutar contra os mortos. "Jon não só construiu uma coligação dominante anti White Walkers, mas também estruturou uma base de uma aliança permanente com um dos maiores poderes de Westeros", falou Beauchamp.
Rei da Noite
O conflito no Norte é o que especialistas chamam de 'balanço ofensivo e defensivo'. O termo, do professor Robert Jervis, da Universidade de Columbia, faz referência à ideia de que a tecnologia pode moldar uma guerra entre estados.
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A Muralha é uma tecnologia dominante de defesa que, apesar de difícil, não é impossível de ser destruída. O Rei da Noite entendeu esse desafio e focou suas energias em matar humanos, gigantes e ursos no Norte da Muralha para fortalecer seu exército. Na essência, ele construiu uma força militar massiva para quebrar o balanço.
Cersei Lannister
"Está claro que ninguém jogou a guerra dos tronos tão bem quanto Cersei", ressaltou Beauchamp, que colocou a Rainha no primeiro lugar do ranking.
No começo da temporada, ela estava cercada de inimigos, seu reino estava com dívidas com o Banco de Ferro, e ela ainda enfretava a ameaça dos dragões de Daenerys.
De acordo com o repórter, é necessário analisar o conceito de "a guerra é a continuação da política por outros meios", do militar Carl von Clausewitz. Isso significa que apesar de mais sangrenta, a guerra não é fundamentalmente diferente de sanções econômicas ou negociações diplomáticas: todas procuram conquistar um fim político.
Cersei entedeu bem a questão. Ela se dedicou a proteger a dinastia da família, cogita se casar com Euron Greyjoy, e até deixou Rochedo Casterly ser tomado para colocar seus inimigos numa posição vulnerável.
"Nenhuma outra força de Westeros pensou tão criativamente como associar os três aspectos de poder — militar, econômia e diplomática — em função de conquistar um fim político", escreveu Beauchamp.
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