7 lugares com nomes muito, mas muito óbvios
1) O Deserto do Saara é a maior redundância do mundo: ṣaḥārā é a transcrição em alfabeto latino da palavra árabe صحارى , que significa ‘desertos’. O resultado, se você traduzir, é algo como ‘deserto dos desertos’, ou simplesmente ‘deserto deserto’.
2) Linguaglossa é uma cidade na ilha de Sicília, na Itália. Em italiano, lingua significa “língua”. Em grego antigo, glossa também significa ‘língua’. Moral da história? O nome da pequena comuna, com apenas 5,2 mil habitantes, significa ‘língualíngua’ ao pé da letra.
3) Há duas Avenue Road no mundo, uma em Toronto, no Canadá, outra em Bangalore, na Índia. A ‘rua avenida’ do Canadá, como era de se esperar pela ordem das palavras, é pacata e arborizada – dê uma olhada aqui. Já a da Índia é o centro de comércio popular movimentado que você na foto acima.
4) O Vale de Aran, na Catalunha, Espanha, poderia se chamar apenas Haran – que já significa ‘vale’ em… basco.
O problema é que o basco e o catalão são línguas (bem) diferentes entre si, faladas em regiões diferentes da Espanha. Para piorar ainda mais a situação, ainda há o aranês – uma terceira língua tradicional, mais incomum que as outras duas, e falada apenas no vale em questão.
No meio dessa salada etimológica, mais provável é que a palavra tenha ido parar no canto ‘errado’ da Espanha na boca de pequenas comunidades bascas que viviam por ali na Idade Média – afinal, por mais diferença culturais que existam, o país como um todo ainda é menor que o estado da Bahia.
5) As Ilhas Faroe são um pequeno arquipélago no norte do Atlântico que, à maneira da Groenlândia, é território da Dinamarca.
O nome desse pequeno conjunto de ilhas significa, na prática, ‘ilhas ilhas das ovelhas’. O nome original, Færøerne, segundo a versão mais provável, nasceu da junção de uma antiga palavra nórdica para ‘ovelha’ (fær) com o plural da palavra ‘ilha’ (øerne). Outras línguas adotaram a simplificação Faroe – e, sem saber que nela já está embutido o termo ‘ilhas’, meteram outro ‘ilhas’ na frente.
6) O Monte Kilimanjaro também não escapou de um destino tautológico – é assim que a linguística chama esses nomes-pleonasmo. Segundo algumas das muitas versões disponíveis, a palavra kilima já significava ‘monte’ em uma língua nativa local, Kiswahili. Pesquisas posteriores contestam essa versão, afirmando que kilima na verdade seria o diminutivo da palavra adequada para montanha (mlima), e que os povos que habitavam a atual Tanzânia não teriam motivo para considerar o Kilimanjaro uma montanha pequena (é difícil de discordar do raciocínio).
Quem estiver realmente interessado na longa história do batismo do monte africano pode ler este artigo do University College, que contém todas as origens possíveis para o nome, e chegar às próprias conclusões.
7) O Lago Michigan, segundo maior entre os Grandes Lagos norte-americanos, já era lago na época em que se chamava mishigami (‘grande lago’, ou ‘grande água’) – nome que os indígenas locais, falantes do idioma Ojibwe, davam para ele antes da colonização. Hoje, ao pé da letra, ele atende pelo nome de ‘lago grande lago’.
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