Ads Top

Alergia: o que é, quais as reações e como chegar ao diagnóstico

 (Foto: Flickr/Tina Franklin)

 

Para entender o que é uma alergia, primeiro é preciso saber diferenciá-la de uma sensibilidade ou intolerância. Os sintomas podem ser bastante parecidos, mas a condições em que as duas ocorrem são bem diferentes. Segundo Alexandra Sayuri Watanabe, diretora da Asbai, “alergias são respostas exageradas dos anticorpos contra algum alérgeno [substância que causa alergia]”. Além dessa reação anormal do nosso sistema de defesa, a especialista ressalta que as reações alérgicas apresentam quadro clínico, ou seja, impactos no corpo, diferentemente do que ocorre com as sensibilidades, por exemplo.

Hoje, segundo a Asbai, cerca de 30% dos brasileiros têm algum tipo de alergia, sendo a maior parte dos diagnósticos de alergia do tipo respiratória ou alimentar. Esses impactos no corpo podem surgir por causa dos mais variados tipos de substância. De tinta de papel a ondas eletromagnéticas, quase tudo é capaz de causar uma reação alérgica.

As respostas imunológicas, entretanto, nem sempre são óbvias. Quando uma pessoa alérgica a cosméticos usa esmalte, por exemplo, a reação não vai aparecer na unha, mas no pescoço e nas pálpebras. Em geral, as reações podem ser bem diversas: manchas, inflamações, coceira, inchaços, bolhas, descamação da pele e urticária em qualquer parte do corpo — em casos mais graves, é possível que ocorra um choque anafilático, o que pode até levar à morte.

Especialistas consideram que grande parte das alergias mais comuns se dá por conta de dois agentes principais: proteínas específicas, nos casos alimentares; e ácaros, nos casos respiratórios. Contudo, vale lembrar que o causador da reação alérgica não é o microrganismo em si, mas os anticorpos que o nosso próprio corpo cria para se defender. “No caso do ácaro, ele sensibiliza o corpo, que cria anticorpos e causa alergias”, diz Maria Candida Rizzo, coordenadora do Departamento Científico de Rinite da Asbai.

Diferentemente das alergias, que interferem no funcionamento do organismo, a sensibilidade a algum produto ou alimento gera apenas sintomas específicos no corpo, como enjoos, por exemplo. Além disso, a pessoa até forma anticorpos contra a substância causadora da sensibilidade, mas eles não chegam a “atacar” de forma tão agressiva quando entram em contato com essa substância.

Já as intolerâncias alimentares não têm nada em comum com os outros problemas. Enquanto as alergias e sensibilidades são respostas do sistema imunológico, a intolerância é a reação do metabolismo à comida ou bebida. Isso significa que o corpo não é capaz de processar e digerir os alimentos adequadamente, o que causa mal-estar.

+ Leia também: Médico brasileiro desenvolve tratamento que acaba com a rinite alérgica

ELEMENTAR, MEU CARO ALERGISTA
Como um detetive, o especialista deve investigar a vida do paciente

Os sintomas das reações alérgicas variam de organismo para organismo, ou seja, enquanto alguém pode reagir à ingestão de camarão com inchaços e coceira, outra pessoa pode apresentar falta de ar. O tempo de reação também varia. O alergista Clifford Basset, do American College of Allergy, Asthma and Immunology, ressalta que “sintomas podem ocorrer em segundos, minutos, horas ou até mais tempo, por isso é preciso ficar atento”.

Nem sempre o causador da alergia pode ser identificado facilmente. Por isso, é essencial que a pessoa fique atenta ao menor sinal de reação: “Se alguém apresenta algum sintoma, o médico deve ser consultado imediatamente, porque a vez seguinte pode ser mais grave”, afirma a especialista em anafilaxia Elaine Gagete Miranda. Para a médica, o trabalho do alergista não é muito diferente do que fazem os detetives da ficção: “Acho que ele trabalha como o Sherlock Holmes. O especialista precisa saber tudo sobre a pessoa, investigar, e a partir daí fazer os exames e testes certos”.

A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: Afinal, por que alguns são alérgicos e outros não?

A origem das reações alérgicas é o tópico mais misterioso das pesquisas da área. A questão é que ninguém nasce alérgico, a pessoa adquire a doença no decorrer da vida. No entanto, cientistas estimam que haja uma relação genética: filhos de pais e mães alérgicos têm muito mais chances de desenvolver o problema.

Especialistas descobriram que, ao entrar em contato com a substância que desencadeará alergia, o corpo do paciente passa por um processo de sensibilização e vai, aos poucos, criando anticorpos e células para se proteger do alérgeno. Esses “combatentes” são chamados de imunoglobulinas E (IgE) e, de acordo com Miranda, prejudicam o próprio indivíduo: “O organismo encara o alérgeno como algo a ser vencido, mas acaba sendo prejudicado”, revela a alergista.

Outro fato importante é que as alergias podem surgir em qualquer momento da vida, pouco importa a idade. Contudo, as crianças são muito mais propensas do que os adultos: segundo o American College of Allergy, Asthma and Immunology, 70% das alergias aparecem antes dos 20 anos. Não por acaso, a alergista Ana Paula Moschione ressalta: “O contato com bactérias da natureza estimula o sistema imunológico, por isso é importante que os mais novos brinquem ao ar livre”. A interação diminui as chances de que a criança desenvolva a doença no futuro. Moschione, entretanto, faz questão de destacar que as brincadeiras não devem fugir do normal: “Não é necessário brincar na sujeira, mas é bom ter contato com animais, outras pessoas…”.

Leia também:
+ Poluição do ar é mais nociva a crianças que estão dentro de carros
+ 8 comentários que provam que a nossa capa sobre HIV é necessária

*Com edição de Nathan Fernandes.

Curte o conteúdo da GALILEU? Tem mais da onde ele veio: baixe o app da Globo Mais para ver reportagens exclusivas e ficar por dentro de todas as publicações da Editora Globo. Você também pode assinar a revista, por R$ 4,90 e baixar o app da GALILEU.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.