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Procura-se ritmo novo – vivo ou morto

No começo deste mês foi anunciado um novo sabor de chocolate, coisa que não acontecia desde os anos 1930! O produto cor de rosa foi desenvolvido em laboratório e criaram um sabor suave, porém suculento. Foram quase 90 anos para chegar no ‘Ruby’, como foi batizado o novo chocolate. De lá para cá surgiram variações de sabores, mas nada original. Como podem ter demorado tanto para criar algo novo?

Eu comecei a pensar em outras frentes que perduram para ter inovações e acabei caindo na música, claro. Existe algum estilo musical novo em folha? Tem algum gênero que foi criado nas últimas temporadas? Sei lá, vamos pegar de uns três anos para cá. Pegando charts da Billboard, entrevistas e lista de melhores discos temos os ritmos conhecidos como rock, pop, country ou rock, seguido de suas variações.

O que existe hoje é a variação de estilos consagrados com inserção de referências geográficas, ou jornalistas criando termos para ficar mais fácil de explicar algum artista que surge. Foi assim com new wave, ritmo estabelecido por uma revista chamada NME, onde as bandas de indie rock flertavam com música eletrônica e faziam do palco uma pista de dança.

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Podemos também citar o sertanejo universitário, onde o lado raiz ficava um pouco de lado para inserção de elementos mais pop como sintetizadores e assuntos de jovens presentes nas grandes capitais.

Vamos pegar o pop, por exemplo. Este é o estilo central, inventado lá nos 1950. Na época, a categoria foi inventada para desassociar de estilos que não eram clássicos, feitos por jovens e estavam presentes nos charts. Ao decorrer das décadas, novos estilos foram surgindo e atrelados ao estilo: pop punk, pop rock, pop jazz e por aí vai.

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O som propagado por Elvis Presley segue a mesma linha. O rock surgiu em 1930 e a cada década ganha ramificações como Math Rock, Trip Rock ou Indie Rock. Cada um tem a sua característica em especial, mas, lá no fundo é o rock.

Tentei resgatar algum ritmo em destaque para ver se foi criado nos últimos tempos em alguma cena. De cara, pensei no trap, mas, depois de algumas pesquisas, descobri que foi criado lá nos anos 1990. Depois eu lembrei do grime, ritmo enraizado no gueto de Londres e representado com alguns nomes como Dizzee Rascal e Skepta.

O som é inovador, mas não deixa de ser a versão britânica do hip-hop que nasceu nos Estados Unidos. Sendo assim, algo feito por outra região não teria o seu valor?

A tropicália começou quando bandas brasileiras, resolveram inovar e parar com essa coisa de banquinho e violão. Surgiu algo novo ali né? Por mais que tivesse uma estrutura de outros ritmos para esse novo formato acontecer. Afinal, tudo é referência, todo criador tem sua bagagem de gosto e conhecimento e a partir disso que nasce o tal do novo.

O chocolate Ruby teve dedicação de décadas em laboratório para sair algo novo para os amantes do produto lácteo. Diversas combinações foram feitas para ter o resultado inédito. Seria de interesse colocarmos grandes produtores musicais e artistas em estúdio para desenvolver algo fora da curva?

Será que um novo tipo de som teria uma busca plausível para tal investimento? Eu não sei se o chocolate ruby terá uma procura tão grande que justifique as décadas que os cientistas passaram para desenvolver.

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O brasileiro é criativo, não? Isto eu não tenho dúvidas. Os Estados Unidos e a Europa que me perdoem, mas o Brasil tem capacidade de sobra para criar o novo ritmo que o mundo precisa. Pra quem já criou carimbó, choro, bossa nova e coco de roda, o brasileiro, num estalo de dedos, pode desenvolver algo para o mercado.

Só o tempo vai dizer se o chocolate ruby vai ter uma procura tão grande que justifique o dindim investido. Seja um produtor em um estúdio cinco estrelas ou algum artista de olhos e ouvidos atentos, é capaz que já tenhamos algum estilo novo quicando por algum lugar.

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O jornalista paulistano, produtor musical e marketeiro Brunno Constante analisa, pondera, escreve e traz novidades sobre música no Papelpop todas as terças-feiras.

Fita Cassete é o alterego de Brunno quando ele fala sobre o assunto.

Quer falar com ele? Twitter: @brunno.


* A opinião do colunista Brunno Constante não necessariamente representa a opinião do Papelpop. No entanto, por aqui, todas as opiniões são bem-vindas. :)

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