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Teses de Martinho Lutero não foram fixadas em porta de igreja

Martinho Lutero, líder da Reforma Protestante (Foto: Reprodução)

 

É provável que um dos maiores símbolos do início da Reforma Protestante não tenha acontecido de fato. De acordo com o historiador britânico Peter Marshall, Martinho Lutero não teria pregado suas teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517. Especialista no tema, Marshall afirma que o mais provável é que o líder da Reforma Protestante tenha apenas enviado uma carta a Alberto de Brandeburgo, o arcebispo de Mainz, dando início à ruptura com a Igreja Católica.

Para o historiador, não há evidências concretas de que o alemão tenha exibido publicamente suas críticas iniciais a práticas adotadas pelas lideranças católicas. Além de não existir testemunhas que presenciaram o episódio, o próprio Lutero era vago ao descrever esse acontecimento em suas memórias — esse teria sido um "mito" para fortalecer a narrativa que deu início a um dos episódios mais importantes da História.  

Sendo exibida de maneira pública ou não, as 95 Teses abalaram a ideologia e o poder central da Igreja Católica. À época, Martinho Lutero ainda era um monge agostiniano e professor de teologia, o que deu um peso ainda maior para a sua argumentação: em sua carta ao arcebispo de Mainz, o alemão criticava os dogmas construídos pela Igreja Católica — sobretudo, a comercialização do "perdão divino" (chamado de indulgências). O monge também criticava o poder sem limites do papa e a divisão da Igreja entre sacerdotes e leigos.

Responsável pela controle ideológico da Europa Medieval, a Igreja Católica também exercia influência política e econômica, já que era dona de extensas porções de terras. Obviamente, os líderes de Roma condenaram as teses de Lutero como uma heresia e o excomungaram.

As críticas à Igreja Católica, no entanto, ganharam apoio de setores da sociedade alemã, inclusive de membros da nobreza local. A contestação ganhou eco em outros países, com a atuação do francês João Calvino e do suíço Ulrico Zuínglio.

O poder central de Roma jamais conseguiria recuperar sua hegemonia ideológica na Europa e disputaria fiéis nas terras que seriam conquistadas na América, África e Ásia. Hoje, 500 anos após o início da Reforma,  estima-se que há quase 1 bilhão de protestantes pelo mundo, divididas em diferentes denominações cristãs.

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