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Descoberta uma nova espécie de orangotango

Até recentemente, acreditava-se que só existissem dois tipos de orangotangos: ambos asiáticos, nativos de florestas tropicais na Malásia e na Indonésia — mais precisamente das ilhas de Bornéu e Sumatra. Mas agora um grupo internacional de pesquisadores revelou que, nessa última ilha, vive também uma terceira espécie, que se manteve todo esse tempo escondida dos cientistas. Apesar de classificada por anos como Pongo abelli, uma população isolada de 800 orangotangos da região atende agora por Pongo tapanuliensis — uma espécie própria, de nome escolhido pelos autores, como publicado no jornal Current Biology.

A descoberta aconteceu em novembro de 2013, durante uma expedição liderada por Michael Krützen, da Universidade de Zurique, à floresta Batang Toru, no oeste de Sumatra. Graças a um esqueleto e amostras sanguíneas que recolheu por lá, Krützen conseguiu comparar a nova espécie com os orangotangos da região. Depois de estudar por completo o genoma de 37 orangotangos (sendo 2 deles de Batang Toru), sua equipe conseguiu cravar que se tratava mesmo de uma espécie diferente.

Além de um DNA particular, a nova variedade mostra também algumas diferenças no comportamento e na aparência. No estudo, os pesquisadores destacam aspectos como seu crânio, menor em comparação a outros orangotangos, e a presença de “um bigode proeminente”. Os machos gritam de forma mais prolongada que as outras espécies e, diferente das vizinhas que vivem em Bornéu, as fêmeas de Pongo tapanuliensis contam com uma vistosa barba. Em entrevista ao Washington Post, Krützen disse acreditar que a espécie tenha se diferenciado de seus primos há pelo menos 15 mil anos.

Eles são normalmente encontrados em árvores altas ao sul do Lago Toba e das florestas pantanosas, local preferido dos orangotangos da ilha de Sumatra. Além de passar mais tempo em cima das árvores, a nova espécie de Sumatra é mais magra e tem pelagem mais pálida — mais próxima de um tom canela do que o marrom. A nova espécie é muito mais rara: são apenas 800 indivíduos em Sumatra, em comparação ao 14 mil exemplares de Pongo abelli. Em Bornéu, estima-se que a população de orangotangos esteja na casa dos 105 mil.

Estima-se que os exemplares restantes vivam concentrados em uma região de mil quilômetros quadrados — mais ou menos o tamanho da cidade de Belém, capital do Pará. A produção de energia hidrelétrica na região, que causou o alagamento de grandes áreas, contribuiu para a diminuição de seu habitat. Entram na conta também fatores como caçadas e a expansão da agricultura (sobretudo as plantações de óleo de palma). De acordo com os pesquisadores, esse cenário adverso indica a urgência de novos esforços de conservação locais, orientados, agora, para preservar especificamente Batang Toru e seus arredores — único local no mundo em que os Pongo tapanuliensis são encontrados.

A mais recente espécie de orangotango se junta ao seleto grupo de “macacos antropomorfos”, categoria em que se encaixam apenas os seis símios evolutivamente mais próximos do homem. A lista é composta por gorilas (do ocidente e do oriente), chimpanzés, bonobos, além das outras duas variedades de orangotangos.

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