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Peixe mais profundo já encontrado vive a 8 km da superfície

O andar de baixo dos oceanos é tão inóspito quanto pode parecer. A luz quase não chega, a temperatura é de trincar os dentes, a pressão é insuportavelmente grande e, para ajudar, vive chovendo peixe podre do céu. Bem-vindo ao fundo da Depressão Challenger, ponto mais baixo das Fossas Marianas, no Oceano Pacífico lugar que poucos são ousados o suficiente para chamar de lar.

É o caso do Pseudoliparis swirei. Com seus quase 14 cm, ostentando um corpo transparente e sem escamas, o P. swirei leva uma vida tranquila 7.996 metros abaixo do que conhecemos como “nível do mar”. Foi a essa profundidade que a espécie apareceu pela primeira vez, ainda em 2014. Desde então, 37 indivíduos foram recolhidos e estudados. Relatos deste ano, inclusive, garantem que o peixinho dá as caras em pontos ainda mais profundos: uma equipe japonesa capturou, em agosto, um exemplar que estava a 8.178 metros.

Graças à análise de ovos extraídos das fêmeas, amostras de DNA e do esqueleto dos bichos, descobriu-se que se tratava de uma nova variedade de peixe. Ela foi descrita de maneira oficial recentemente, em um estudo publicado no jornal Zootaxa. Seu nome de batismo faz referência a um ser vivo com espírito explorador tão grande quanto o do peixinho: Herbert Swire, que completa a segunda parte do nome da espécie em latim, é o mergulhador que descobriu a existência das Fossas Marianas, em 1875.

Ainda que sua aparência não seja tão estranha e intimidadora (como costumam ser os peixes abissais), os pesquisadores garantem que ele é um predador voraz. Ok, é verdade que a competição deixa a desejar, mas o peixinho é um verdadeiro terror para espécies menores — como pequenos mariscos e outros invertebrados.

“Eles se adaptaram para ir mais fundo que qualquer outro peixe, e viver em fendas muito profundas. É graças ao formato dessas trincheiras que eles conseguem prender boa quantidade de comida”, explicou Thomas Liney, autor do estudo, ao site Popular Mechanics. “Há vários invertebrados nessas áreas, e o P. swirei é seu principal predador. Os peixes que encontramos eram ativos e pareciam muito bem alimentados”. No vídeo abaixo, fornecido pela Universidade de Washington, é possível conferir alguns exemplares de P. swirei nadando bem à vontade por sua moradia escura.

Por mais que outras espécies já tenham dado as caras em áreas ainda mais profundas (Abyssobrotula galathea, por exemplo, já foi recolhido a 8.372 metros no mar do Caribe), elas não sobreviveram ao translado, e chegaram mortas à superfície. Sendo assim, é possível cravar a nova espécie como peixe mais profundo já encontrado e que sobreviveu para contar história. Vá pela sombra, P. swirei. Sucesso nas caçadas.

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