Trump determina mudança de planos na NASA para que humanos voltem à Lua
Exatos 45 anos após o pouso da Apollo 17 na superfície lunar, em 1972, transportando os últimos humanos a caminharem por lá, o presidente Donald Trump decretou nesta segunda (11) que a NASA deve concentrar seus esforços em uma nova missão tripulada ao satélite natural.
A decisão oficializa a mudança de foco de Marte para a Lua no programa espacial dos Estados Unidos. “Desta vez, não vamos apenas fincar nossa bandeira e deixar nossas pegadas — vamos estabelecer a fundação para uma eventual missão para Marte e, talvez um dia, para muitos mundos além”, disse Trump. A solenidade contou com a participação de autoridades do governo e ícones da exploração espacial.
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Estiveram ao lado do presidente figuras como Buzz Aldrin, Jack Schmitt (caminhante lunar da Apollo 17) e a astronauta Peggy Whitson, que voltou em setembro da ISS após bater o recorde norte-americano de tempo passado no espaço (665 dias). Em sua fala, Trump destacou que “exploração humana e descoberta” darão o tom agora, deixando subentendido que as missões planetárias com sondas devem ficar em segundo plano.
Espaço é prioridade
Já em junho, poucos meses depois de assumir a presidência, Trump demonstrou que encara o espaço como uma área estratégica de sua administração: reviveu o National Space Council, órgão de política espacial que ficou inativo por mais de duas décadas.
O conselho é liderado pelo vice-presidente Mike Pence, que se diz comprometido em assegurar a liderança dos EUA na nova corrida espacial, cada vez mais acirrada, com a NASA competindo com nações como a China e até empresas como a SpaceX.
Tudo isso soa muito bonito, mas há um problema: explorar o espaço é muito diferente de fazer política. Não se pode mudar de ideia da noite para o dia.
Projetos complexos e de longo prazo como mandar seres humanos a outros mundos exigem um planejamento cuidadoso que leva anos, tanto para desenvolver as tecnologias necessárias, quanto para adequá-las ao orçamento disponível.
Durante os oito anos do governo Obama, a NASA operou com um objetivo claro: desenvolver missões tripuladas para Marte na década de 2030. Agora Trump retoma as políticas de Bush de colocar a Lua como primeira parada antes do planeta vermelho.
Falta de foco
Só que o orçamento da agência (US$ 19,5 bilhões em 2017), que já teve momentos muito melhores (no auge do programa Apollo, em 1966, ele atingiu US$ 43,5 bilhões) não deve sofrer nenhuma alteração até pelo menos 2019.
E não existe nenhum projeto em andamento que trate de pousos tripulados na Lua — tudo terá de ser desenvolvido praticamente do zero. Fala-se apenas em construir uma estação espacial na órbita lunar, junto do consórcio internacional de agências espaciais, para suceder a ISS. Nada sobre a superfície.
E o pior: o que garante que o próximo presidente a chegar à Casa Branca, em 2021, não mude de ideia de novo? Se a NASA continuar se comportanto feito barata tonta por decisões presidenciais, pode acabar não pisando em lugar algum. Ou chegando em segundo lugar.
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