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Macacos também enxergam rostos em objetos

Aquela sensação estranha de ver rostos em objetos inanimados realmente existe. Tanto é que tem até nome científico: pareidolia. Graças a ela é que as pessoas vivem fazendo descobertas nada óbvias em elementos comuns do dia a dia – como enxergar a Virgem Maria em um queijo quente, Jesus Cristo no ultrassom de um bebê ou a Madre Teresa de Calcutá em um brioche, por exemplo.

Isso acontece porque nosso cérebro é capaz de montar imagens nítidas com estímulos aleatórios, que, em condições normais, não deveriam nos lembrar nada familiar. Apesar da habilidade ser comum em humanos, não sabíamos ao certo se isso era exclusivo dos Homo sapiens. Para confirmar a hipótese, os cientistas escolheram testar os macacos rhesus, animais bastante sociáveis – e, por causa disso, recorrentemente usados em experimentos científicos.

Como descrito no jornal Current Biology, os cinco macacos foram colocados frente a uma tela para observar 45 imagens, que apareciam sempre em grupos de três. Cada trio era composto por uma foto de fêmea de macaco rhesus, outra de um objeto em que um humano conseguiria enxergar um rosto e uma terceira, que mostrava o mesmo objeto, mas sem rosto aparente. Dentre as coisas inanimadas escolhidas, havia frutas, legumes, uma bolsa e uma máquina de lavar (como você pode ver neste link).

Durante a atividade, os cientistas monitoraram o olhar dos macacos com um sensor. Assim como aconteceria com a gente, os símios gastaram mais tempo com os olhos fixos naquelas imagens que lembravam rostos, e ficaram menos interessados nos outros dois tipos de foto.

O mais legal é que, segundo os pesquisadores, os bichos pareciam focar em áreas específicas dos “rostos” dos objetos, como as que lembravam olhos ou boca. Era como se eles de fato estivessem achando algo estranho, e ficassem mais tempo examinando a foto para ver se a suspeita tinha algum fundamento – ou se tudo era apenas fruto de sua visão além do alcance.

Então, da próxima vez que um ônibus parecer estar piscando para você ou seu almoço tiver a cara do Neymar, não precisa agendar uma visitinha ao analista. Acontece com todo mundo – até com quem nem mesmo é humano.

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