Estereótipos de gênero fazem mal à saúde física e mental de adolescentes
Não importa onde você cresceu, os estereótipos de gênero afetam sua saúde física e mental. Pelo menos é isso que mostra um estudo feito em 15 países publicado no periódico Journal of Adolescent Health.
Os pesquisadores acreditam que a forma como os gêneros são colocados, meninas como frágeis e meninos como fortes e independentes, tem impacto direto na vida das pessoas. "Os riscos para a saúde dos adolescentes são moldados por comportamentos enraizados em papéis de gênero que podem estar bem estabelecidos em crianças no momento em que têm 10 ou 11 anos", disse a líder da pesquisa, Kristin Mmari, no anúncio da pesquisa.
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Um exemplo do que descobriram foi que quando as garotas são apontadas como vulneráveis: elas, de fato, passam a acreditar nisso e se tornam mais predispostas a deixarem a escola ou sofrerem violência física e sexual, casarem quando crianças, engravidarem precocemente, se infectarem com HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.
"Em Nova Deli, as meninas falaram sobre seus corpos como um grande risco que precisa ser encoberto, enquanto em Baltimore as meninas nos disseram que seus principais recursos eram seus corpos e que eles precisam parecer atraentes — mas não muito", Mmari conta.
Os pesquisadores observaram que suas descobertas levaram as conclusões de trabalhos anteriores, que "durante a adolescência, o mundo se expande para os meninos e se contrai para as meninas".
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Mundo "dos meninos"
No caso dos meninos, a situação complica quando eles fazem coisas consideradas "de menina". Nos países estudados, pareceu ser mais aceitável meninas se envolvam em certos comportamentos estereotipicamente masculinos, como usar calças, praticar esportes e perseguir carreiras.
Mas os pesquisadores relatam que "os meninos que desafiam as normas de gênero pela forma que se vestem ou seu comportamento eram por muitos vistos como socialmente inferiores". Ambos, garotos e meninas, disseram aos pesquisadores que as conseqüências para eles variam desde serem intimidados e provocados até serem agredidos fisicamente.
Os cientistas, entretanto, acreditam que há como mudar essa situação. Kristin Mmari disse que a pesquisa poderia ajudar a moldar novas iniciativas que promovam uma maior conscientização sobre os impactos dos estereótipos de gênero na saúde dos jovens.
Enquanto isso, Robert Blum, presidente da Global Early Adolescent Study, não é tão otimista: "A mudança pode acontecer, mas exige vontade política e uma variedade de intervenções. Também requer o conhecimento de que as crianças adotam essas mitologias de gênero em uma idade muito jovem e eles aparecem de várias maneiras — muitas vezes prejudiciais — pelo resto de suas vidas".
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